A ideia de construir um aeroporto regional nas Montanhas Capixabas não pode mais ser tratada como promessa distante – mas, sim, como uma necessidade estratégica para o Espírito Santo. O projeto, previsto para o distrito de Alto Caxixe, às margens da ES-447 e a poucos quilômetros da BR-262, em Venda Nova do Imigrante, está na fase de estudos técnicos, mas ainda enfrenta resistência de parte da comunidade local que enxerga no aeroporto um risco de impacto à rotina da região.
A resposta, no entanto, é simples: sem aeroporto, as Montanhas Capixabas nunca vão alcançar o tamanho do seu próprio potencial. Com aeroporto, podem virar referência nacional. Ou o Espírito Santo constrói essa infraestrutura estratégica agora, ou continuaremos assistindo, mais uma vez, outros estados ‘decolarem’ – literalmente – na frente.
Gramado voou. Santa Catarina decolou. E o Espírito Santo?
A Serra Gaúcha é um exemplo claro do que está em jogo. Apesar de já ser um dos principais destinos turísticos do Brasil, Gramado e Canela ainda dependem do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre — a mais de 100 quilômetros de distância. Para mudar esse cenário, está prestes a sair do papel um aeroporto regional, que vai reduzir o tempo de deslocamento pela metade e abrir espaço para que a região alcance um novo patamar no turismo nacional e internacional. A estimativa é de movimentar, já no primeiro ano, 1 milhão de passageiros e 1,2 milhão de cargas.
Santa Catarina é outro case: o estado tem uma rede de aeroportos regionais que garante conectividade a diferentes regiões: Chapecó, Lages, Joinville, Navegantes e Jaguaruna. Só esse último movimenta mais de 150 mil passageiros por ano e colocou o Sul catarinense no mapa turístico e logístico do país. Essa estratégia de descentralização permitiu que Santa Catarina atraísse investimentos, ampliasse sua malha aérea e fortalecesse ainda mais o turismo — hoje responsável por 12,5% do PIB do estado, bem acima da média nacional.
E o Espírito Santo nessa história? O estado já avançou com aeroportos regionais em Linhares e Cachoeiro, fortalecendo as regiões Norte e Sul capixabas. Mas a Região Serrana não pode ficar para trás. O novo aeroporto está previsto para ser instalado em uma área estratégica, capaz de integrar turismo, agronegócio e negócios de maior escala. Mais do que encurtar distâncias, dará visibilidade nacional à região e abrirá espaço para novas conexões e, principalmente, novos investimentos.
E o timing é perfeito: o turismo capixaba registrou um dos melhores resultados da série histórica, que teve início em 2011, no primeiro trimestre deste ano. O crescimento de 9,2% foi acima da média nacional (5,4%) e de estados brasileiros tradicionalmente turísticos, como Bahia (8,9%) e Minas Gerais (0,8%).
A expectativa é que o aeroporto regional fortaleça essa vocação turística de municípios do entorno, além de impulsionar segmentos como agricultura, gastronomia e hotelaria.
A construção do Aeroporto Regional das Montanhas Capixabas não é luxo, nem capricho. É estratégia, é desenvolvimento, é futuro. Se quisermos ver o Espírito Santo voar mais alto, é preciso tirar o aeroporto do papel — e rápido.