O mundo hoje passa por uma verdadeira batalha, ao enfrentar quatro desafios: insegurança alimentar, transição energética, mudanças climáticas e desigualdade social. A boa notícia é que, em meio a esses desafios, o Brasil tem tudo para derrotar o primeiro vilão e ser campeão mundial em segurança alimentar. É o que vaticina o ex-ministro da agricultura, Roberto Rodrigues, em palestra na Feira de Agronegócios Cooabriel 2025.
Roberto é engenheiro agrônomo formado pela USP, Professor Emérito da FGV e Doutor Honoris Causa pela UNESP. Coordenador do Centro de Agronegócio da FGV e Embaixador Especial da FAO para o Cooperativismo, liderou entidades como a ABAG, SRB, FIESP/COSAG e OCB.
“O crescimento da produção de alimentos está na área tropical do globo terrestre. E o Brasil é único que tem tecnologia sustentável nesse cinturão. Esse cenário dá ao Brasil uma chance fora do comum de ser o campeão mundial da segurança alimentar. Para enfrentar o desafio da transição energética, temos a nossa matriz energética. Metade é renovável. A do mundo é 15% renovável, a nossa é três vezes maior que a do mundo. Sendo que boa parte vem da agricultura, como etanol, que vem do milho e da cana”, explica Rodrigues.
O papel do Brasil na segurança alimentar global
Os números corroboram a tese de Rodrigues. O Relatório da ONU sobre o Estado da Insegurança Alimentar Mundial revela uma queda de 85% na insegurança alimentar severa no país em 2023, com 14,7 milhões de pessoas deixando de passar fome.
No Brasil, o setor agricultura desempenha um papel significativo na produção de energia, fornecendo cerca de 29% da energia consumida no país, de acordo com o Money Times. Essa contribuição se manifesta principalmente através de biocombustíveis como o etanol e o biodiesel, além da eletricidade gerada a partir da biomassa, como o bagaço de cana.
Segundo Rodrigues, enquanto o restante do mundo não consegue atingir um crescimento anual de mais de 20% na produção de alimentos, o Brasil registra quase o dobro disso – já dando indícios de que tem tudo para ser uma potência maior do que já é. Combater a insegurança alimentar, diz o ex-ministro, está intrinsecamente ligado a combater a desigualdade social.
Cooperativismo como Instrumento de Inclusão Social
E levar alimento na mesa, ele ainda analisa, tem tudo a ver com a tranquilidade política. Ele lembra, por exemplo, a Primavera Árabe, que teve relação direta com a fome e a miséria – duas causas imediatas e centrais dos levantes populares em diversos países árabes. A insatisfação com a deterioração das condições de vida, marcada pela pobreza crescente, desemprego elevado e dificuldade de acesso a alimentos, foi um dos principais combustíveis para as manifestações de 2010-2011.
É aí que entra o cooperativismo, diz ele. “Cooperativa é inclusão social e econômica. É um instrumento de paz e democracia. Ela busca o bem-estar e a evolução do cooperado. É lucro para todos”, reflete.