O dólar está nosso dia a dia econômico pelo fato de ser uma moeda por meio da qual executamos todas as nossas transações com o mundo econômico externo. É a unidade que mede nossas relações de trocas externas. Assim, tudo que exportamos e importamos passa pelo câmbio, que é a medida que estabelece a relação entre a nossa moeda, o real, e o dólar, uma moeda consensuada como praticamente global, porém, liderada pela maior economia do mundo, os Estados Unidos.
Como já colocamos no artigo anterior, a economia capixaba se mostra como uma das economias mais abertas no Brasil. Tudo o que exportamos e importamos equivale a praticamente 62% do PIB. Por óbvio, a exposição da nossa economia ao que acontece com o câmbio é proporcional à sua abertura externa. Se o câmbio sobe afeta o PIB positivamente. Se cai, prejudica. Para o bolso do cidadão, na hora de gastar, no entanto, é negativo no primeiro caso e positivo no segundo.
Senão vejamos. O câmbio começou o ano de 2024 a R$ 4,92 e terminou a R$ 6,18. Aumento de 26%. Em 2025 saímos de um dólar a R$ 6,18 para R$ 5,32, cotação de 03/10. Queda de 14%. Ou seja, tivemos uma reviravolta no preço chave que nos conecta com o exterior. No entanto, em termos de médias anuais, considerando até agosto de 2025, o câmbio ainda aparece fortalecido em 4,9 %: R$ 5,38 para R$ 5,64. Porém com tendência de queda.
Isso tem um efeito interno razoável no PIB. E nesse aspecto vale lembrar que pela ótica do gasto as exportações entram diretamente na computação do PIB. Em 2024 exportamos US$ 10,7 bilhões, que equivaleram a aproximadamente R$ 57,7 bilhões. Em 2025 exportamos até agosto US 6,5 bilhões, cerca de R$ 36,6 bilhões ao câmbio médio do ano.
Numa conta bem simples, traduzindo em cifras médias mensais, em moedas, tivemos quedas de 9% em dólar entre 2024 e 2025 e de 4,8% em reais. A questão é que os ganhos alcançados pelo lado da melhora no câmbio foram em parte neutralizados pela queda de preços em dólar. O preço médio da tonelada exportada caiu 13% entre os dois anos: US$ 325,52 para US$ 283,19.
Até agosto deste ano, relativamente aos totais de 2024,exportamos 61% em dólar e 70% em quantidade. É de se supor que por conta da manutenção do tarifaço, cujosimpactos recairão no segundo semestre, os desempenhos de preços em dólar, câmbio e quantidades não façam com que tenhamos o mesmo desempenho de 2024.
São percalços a nos afetar, espera-se, fortuitos, portanto, no curto prazo, e principalmente motivados por forças que não se encontram sob o controle interno.
Não invalidam e muito menos devem enfraquecer e desmotivar a aposta do Espírito Santo no seu caminhar para consolidar o comércio exterior como âncora para o seu desenvolvimento, em visão de longo prazo. Ao contrário, o motiva ainda mais a galgar patamares mais elevados de competitividade. Bem como apregoa o ES 500 anos, o seu Plano de Desenvolvimento de Longo Prazo.