
Uma informação chave, que devemos observar com atenção especial quando analisamos e avaliamos o desempenho e perspectivas do setor de turismo diz respeito a investimentos na rede hoteleira. Isso, em praticamente qualquer parte do mundo – funciona como termômetro da atividade.
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Nesse quesito específico e tão importante, e particularmente olhando para o Espírito Santo, preocupa-nos ao constatarmos poucos, senão raros, investimentos realizados ou em projeto. Tomemos como referência Vitória, Vila Velha e Serra, ou mesmo Guarapari.
Uma boa pergunta: quantas unidades hoteleiras foram construídas nos últimos 10 anos nesses municípios? Em Vitória, ao contrário, tivemos redução de oferta nos últimos 5 anos, depois de um relativo “boom”. Em 14/10/2010 a Prefeitura Municipal de Vitória anunciava no seu site 5 hotéis em construção, que adicionariam 960 apartamentos ao estoque existente. Mesmo assim, de lá para cá outro tanto ou até mais foram fechados.
Alguém poderia questionar valendo-se dados de hospedagem por meio do modelo Airbnb. Tudo bem: de fato tem crescido muito a utilização desse sistema em Vitória, Vila Velha e Guarapari. No caso de Vitória, segundo o próprio Airbnb, a oferta já teria atingido 9.700 propriedades ativas, seguindo o “boom” no setor imobiliário.
Chamo a atenção para essa questão por avaliar que o futuro do turismo no Espírito Santo não está no que denominamos de turismo de “massa”, mas sim de um turismo mais de nichos de mercados. O que seria, a meu ver, mais alinhado com as características e diversidades de oportunidades que o estado pode oferecer. São categorias onde poderia competir valendo-se de diferenciais mais nítidos.
Defendo a estratégia de se trabalhar com algumas ancoragens em termos de tipologia e territorialidade. Tipologia, elegendo tipos de turismo, como o de experiência, ecoturismo, agroturismo, cultural, religioso, turismo de eventos e negócios, de “bem-estar” e outros. E regionalidade, casando-se tipologia com características, conteúdos e atributos de cada região.
Na minha modesta percepção vejo o turismo de eventos e negócios como aquele tipo de turismo âncora que poderia funcionar como “hub” de múltiplos tentáculos de acionamentos de outros nichos de turismo, inclusive regionais. Funcionaria também como veículo de marketing, divulgação e de visibilidade externa.
Compreenderia colocar o Espírito Santo no eixo de eventos que hoje tem forte ancoragem em São Paulo e Rio de Janeiro, dois centros que já demonstram saturação e/ou algum obstáculo, como a questão de segurança no Rio de Janeiro.
Mas para isso é preciso contar com infraestrutura e equipamentos adequados e que possibilitem sobretudo escalabilidade. E isso compreende espaços permanentes para eventos culturais, exposições, feiras, encontros de negócios, rede hoteleira e outros. São infraestruturas e equipamento que o Espírito Santo até já vem trabalhando, como o Cais das Artes, e em fase avançada de viabilização, um centro de eventos.