No último dia do mês de maio, a equipe de research do banco BTG Pactual publicou uma análise do cenário fiscal do Brasil para o mês de abril. Os resultados apresentados refletem parte da retomada econômica do país, além das expectativas contarem com o avanço no cronograma de vacinação e das reformas no Congresso Nacional. Receba o conteúdo no WhatsApp | Instagram | Twitter

Os resultados

Em primeiro lugar, na comparação entre abril de 2020 e 2021, as receitas do Governo Central apresentaram alta de 52,2%. Esse resultado, de certa forma, surpreende positivamente, visto que ao longo desse mês, o país passou por um cenário de recrudescimento da pandemia e restrições de mobilidade social, fatores que prejudicaram diversos setores da economia e que, consequentemente, afetam a arrecadação de impostos. Por outro lado, na mesma janela de comparação, as despesas totais caíram cerca de 34,4%, com destaque para a redução de 99% em subsídios, subvenções e  no Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). Vale ressaltar que a rubrica de despesas despertou a atenção do mercado quando foram determinadas as primeiras medidas de contenção da pandemia. Apesar da queda registrada na comparação anual, em relação à março, os gastos cresceram cerca de 5,4%, refletindo as novas medidas de contenção da segunda onda. A partir desses dados, o resultado primário do alcançou superávit de R$16,5 bilhões, superando as expectativas do mercado de R$10,3 bilhões. No acumulado de 12 meses, houve déficit de R$ 646 bilhões, equivalente a 7,9% do PIB. Ainda, vale destacar que o menor isolamento social neste ano, com o avanço da vacinação e superação da segunda onda, e a melhor adaptação da economia ao cenário pandêmico estão colaborando para os resultados mais positivos do que os esperados.

No que esses resultados implicam?

Nesse contexto, a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG), que compreende Governo Federal, INSS e governos estaduais e municipais e representa o total de débitos dessas instituições, alcançou R$6,67 trilhões em abril de 2021, equivalente a 86,7% do PIB, concretizando uma redução de 2,2% do PIB em relação ao mês anterior. Por outro lado, a Dívida Líquida do Setor Público (DLSP), que se refere ao total das obrigações do setor público não financeiro, deduzido dos seus ativos financeiros junto aos agentes privados não financeiros e aos agentes financeiros, públicos e privados, situou-se em R$4,66 trilhões em abril, equivalente a 60,5% do PIB, resultando em queda equivalente a 0,6% do PIB no mês. Esse resultado refletiu, sobretudo, os impactos da valorização cambial de 5,2% e do crescimento do PIB nominal no primeiro trimestre. Por fim, a equipe de research do BTG ainda destaca que o cronograma de vacinação, as privatizações, principalmente da Eletrobras, e o avanço da agenda de reformas são os pontos focais para os próximos meses, uma vez que esses fatores influenciarão diretamente na performance das contas públicas brasileiras.

Luan Sperandio

Colunista

Analista político e Diretor de Operações do Ranking dos Políticos, uma das organizações mais influentes do Congresso Nacional, dedicada a avaliar e classificar o desempenho dos parlamentares. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017.

Analista político e Diretor de Operações do Ranking dos Políticos, uma das organizações mais influentes do Congresso Nacional, dedicada a avaliar e classificar o desempenho dos parlamentares. Foi eleito Top Global Leader do Students for Liberty em 2017.