Orlando Caliman: crescimento contratado e o futuro do Espírito Santo

O Espírito Santo dispõe, no momento, de um contrato, que podemos classificá-lo como tácito, pelo fato de não ser formal, que lhe garantirá estender o horizonte temporal de crescimento, sem muito esforço. No entanto, olhando mais à frente no tempo, num cenário de múltiplos e mais complexos desafios, alguns de natureza disruptiva, demandará trilhar novos caminhos e novas estratégias. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.

É nessa perspectiva de reposicionamento que se propõe o Plano de Desenvolvimento ES 500 anos, que se encontra na fase final de elaboração.

Do ponto de vista da economia, o lado mais sensível às transformações, o legado que nos trouxe até o momento ainda dispõe de fôlego suficiente para nos garantir um crescimento razoavelmente elevado por alguns anos. Muito provavelmente para os próximos 5 anos ou um pouco além.

Isso, principalmente por conta dos investimentos já anunciados até 2028, que chegam à casa dos R$ 98 bilhões, objetos de pesquisa realizada pelo Instituto Jones dos Santos Neves, cujos resultados estão publicados sob o título Investimentos Concluídos e Anunciados – 2023 – 2028.

O que chama a atenção é o fato de que desse total, aproximadamente R$ 70 bilhões já se encontram em estágio de execução. O restante é caracterizado por oportunidades, porém, com boa margem para se tornarem realidades.

Observados setorialmente, na liderança aparecem os investimentos em gás e petróleo, cerca de 44%, seguindo-se o setor de construção com 36%, e 9% na indústria de transformação.

São números, sem dúvida, impactantes, seja pelo montante em si, ou pelo potencial de impulsionar a economia. Inclusive já são de conhecimento do público, como também foram objeto de outras análises e avaliações. Mas, o intuito de trazê-los novamente à tona está na percepção de que estes asseguram ao Espírito Santo a condição de contar com privilégio de valer-se de um crescimento contratado.

Porém, embora interessantes pelo lado da garantia “contratualizada” de crescimento, tais investimentos carregam ainda fortemente o “DNA” do legado. Ou seja, uma extensão do passado, que sob o crivo de uma análise mais apurada, já demonstram pertencer a um modelo que passa por processo de “desgaste de materiais”.

Afinal, de uma economia que vinha crescendo anualmente cerca de 6,1% de 1970 a 2002, passou a crescer apenas 2,8% entre 2002 e 2024.

Tudo bem que nos últimos 4 anos a economia capixaba voltou forte, crescendo a uma média anual de 4,6%, ante 3,5% da economia nacional, que a qualifica como mercado regional pujante. No entanto, olhando para um horizonte de 10 anos, ou seja, focando 2035, aniversário de 500 anos do Espírito Santo, como propõe o Plano ES 500 anos, na sua missão 1, o foco deverá estar centrado na diversificação, no aumento da complexidade econômica, no incremento da produtividade e mais intensamente na inovação.

Em resumo, a estratégia do ponto de vista mais geral é valer-se da força inercial do legado, que ainda nos impulsiona, para efetivar as transformações necessárias e desejadas. Para tanto, passa a ser fundamental, senão crucial, o desenvolvimento do capital humano, sobretudo em novas competências e habilidades: Espírito Santo transformado em polo de competências.

Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.