Orlando Caliman: Espírito Santo se consolida, cada vez mais, como hub logístico

O fluxo comercial interestadual do Espírito Santo, que representa a soma das entradas e saídas de mercadorias, cresceu 53% em 2024 em relação ao ano anterior. Um salto expressivo, que supera o mesmo indicador nacional, que foi de 42%. Um movimento que, segundo o diretor econômico da Futura, Orlando Caliman, fortalece e consolida a posição do estado como “hub” logístico. Confira, abaixo, o artigo completo.

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* Por Orlando Caliman

O Confaz, órgão do Ministério da Fazenda, voltou a publicar números relativos às entradas e saídas de mercadorias entre os estados, depois de um certo tempo de parada. Os números são realmente expressivos. No caso do Espírito Santo, o valor total das saídas de mercadorias para os demais estados atingiu a cifra de R$ 512,6 bilhões em 2024. Já as entradas totalizaram R$ 395,8 bilhões. Isso representou um fluxo monetário de R$ 908,5 bilhões.

Naturalmente, pelas dimensões, esses números merecem explicações adicionais. Estamos nos referindo aqui a entradas e saídas de mercadorias, que pelo conceito de “hub” logístico, entradas podem se transformar em saídas. Ou seja, importamos para exportar. Caso típico, e até curioso, na nossa relação comercial com São Paulo. Enquanto em 2023 tivemos um saldo negativo de R$6,4 bilhões, em 2024 fomos superavitários em R$ 10,3 bilhões.

Essa mudança tem um significado e um simbolismo importante. Nossa balança comercial com São Paulo passou de negativa para positiva. Exportamos para lá o correspondente a R$ 163,1 bilhões e importamos R$ 152,7 bilhões. Na função de “hub”, parte do que importamos de São Paulo necessariamente não encontra destino final no Espírito Santo, mas sim em outros estados. Como também, boa parte do que exportamos para São Paulo se refere a mercadorias importadas do exterior.

Em resumo, a economia capixaba se mostra muito aberta ao mercado externo – mas, mais ainda ao mercado interno. Nosso PIB, ou seja, toda a riqueza nova que produzimos anualmente, corresponde a cerca de 1,8% do PIB nacional. No entanto, no fluxo comercial total entre estados nossa participação em 2024 foi de 4,9%. Que em termos de abertura comercial representa 440,5%, considerando um PIB de R$ 210,00 bilhões.

Considerando nossos parceiros comerciais, seis deles são responsáveis por 81% do fluxo comercial do Espírito Santo. Liderados por São Paulo com 35% de participação, seguem Rio de Janeiro com 16%, Minas Gerais com 15,5%, Santa Catarina 5,8%, Bahia 4,5% e Paraná 4,5%.

Já em relação aos saldos comerciais, do lado positivo a liderança em 2024 ficou com o Rio de Janeiro, com um saldo de R$ 50,00 bilhões. Seguindo-se Bahia com R$ 15,4 bilhões e São Paulo R$ 10,3 bilhões. O maior saldo negativo foi com Amazonas, por conta da Zona Franca, com R$ 13,4 bilhões.

São dados que ao mesmo tempo que nos favorecem nos impõem reflexões e busca de iniciativas para o enfrentamento da reforma tributária.

*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 14 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.