Orlando Caliman: está faltando mão de obra no Espírito Santo? Orlando Caliman: está faltando mão de obra no Espírito Santo? Orlando Caliman: está faltando mão de obra no Espírito Santo? Orlando Caliman: está faltando mão de obra no Espírito Santo?
Orlando Caliman: está faltando mão de obra no Espírito Santo?

O fato de o Espírito Santo ter registrado a sua menor taxa de desocupação desde que o indicador começou a ser calculado pelo IBGE, em 2012, deve ser comemorado. Afinal, chegar ao percentual de 3,9% em 2024, diante de uma média nacional de 6,6%, traz além do efeito dimensão numérica o forte simbolismo de que na economia as coisas andam muito bem.

No entanto, se o desafio que se apresentava em anos de crise econômica se concentrava em gerar novos postos de trabalho, agora, se transforma em buscar meios e instrumentos que possam ajudar no enfrentamento de uma situação de potencial escassez de mão de obra. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.

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Por Orlando Caliman*

Ao analisarmos os números mais recentes da economia e de sua contraparte na geração de ocupações, vamos ver que chegamos a uma situação de pleno emprego. Do lado da economia, esta retornou acelerada nos últimos 4 anos e já teria consumido o estoque da força de trabalho que estava desocupada.

O estoque de desocupadas manteve-se alto por um longo período, com início em 2015 e culminando com a crise provocada pela pandemia do COVID-19. Acompanhando uma sequência de anos de baixo dinamismo da economia. Nesse período, o número de desocupados permaneceu no patamar de 250 mil pessoas, atingindo o ponto máximo em 2020 – com 270 mil. No primeiro trimestre de 2025 este contingente chega a apenas 85 mil.

Mas, há um outro indicador que nos chama a atenção que é o da proporção da população ocupada no total da população. Essa proporção manteve-se no entorno de 49% entre 2012 e 2021, com o ponto de mínimo em 2020, com 47%. Nos últimos anos, no entanto, passou ao patamar de 53%. Um movimento que pode estar indicando o ingresso na população ocupada de pessoas em idade de trabalhar possivelmente não classificadas na condição de desocupadas.

Esses números revelam e ao mesmo tempo explicam em grande parte a percepção geral de falta de mão de obra. Muitos qualificam o momento como de verdadeiro apagão de mão de obra. E não se trata somente de um apagão quantitativo, mas também qualitativo. Este último, mais preocupante pois pode comprometer avanços necessários em ganhos de competitividade.

Portanto, temos pela frente dois grandes desafios, um quantitativo e outro qualitativo. No primeiro caso, que podemos classificar como “dor” de curto prazo, são demandadas ações que motivem, por exemplo, o ingresso de pessoas subocupadas, desocupadas e desalentadas, respectivamente 39 mil, 85 mil e 18 mil, em 2025, no mundo do trabalho. Podem representar, no entanto, ganhos marginais não muito significativos.

Já o outro desafio, o qualitativo, além de demandar mais tempo, exigirá um conjunto de ações de natureza transformadora e um intenso trabalho de integração, cooperação e parcerias entre setor público, privado, instituição de ensino e pesquisa. Pressupõe, para tanto, a aproximação e integração entre o mundo da educação formal, profissional e da academia, e o sempre novo mundo do trabalho.

É a única via para se ganhar em produtividade e qualificar o crescimento econômico. É a via indicada pelo Plano ES 500 anos.

*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.