Orlando Caliman: indústria do café em alta Orlando Caliman: indústria do café em alta Orlando Caliman: indústria do café em alta Orlando Caliman: indústria do café em alta
Orlando Caliman: indústria do café em alta

As exportações de café solúvel no Espírito Santo cresceram 71% em dólar nos primeiros cinco meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024. Um salto que, certamente, será reforçado com a entrada em operação da planta da Olam, empresa de Singapura, em Linhares, no mês passado, com capacidade de produzir 13,5 mil toneladas por ano. Não surpreende se observarmos o histórico de saga e sucesso do Conilon no estado. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.

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Por Orlando Caliman*

A industrialização do café sempre foi um sonho do Espírito Santo. Porém, nos mais de 100 anos de protagonismo dessa cultura na economia, foi somente na década de setenta do século passado que surge o primeiro empreendimento com características que vão além da indústria tradicional de torrefação, com a implantação da Real Café. Um empreendimento pioneiro e considerado ousado na época, que além de inserir-se de forma competitiva no mercado externo abriu novas oportunidades para o café conilon, internamente.

Não seria exagero afirmar que o café conilon é o que é hoje no Espírito Santo, em grande parte, graças ao empreendimento da Real Café Solúvel que aconteceu em 1971, com a produção inicial de 31 toneladas por dia. E aqui vale retomar um pouco da sua história, que envolve personagens interessantes, lideranças empreendedoras, visionários, e porquanto ousados. Personagens que podem ter mudado o rumo do café conilon. E tudo começa em 1970.

É importante lembrar que àquela época o Espírito Santo vinha de terra arrasada, provocada pela erradicação dos cafezais promovida pelo Governo Federal em meados da década de sessenta. Milhares de pequenos produtores se viram abandonados e sem perspectivas. Muitos deles migraram para a Grande Vitória, outros foram para outros estados, com destaque para Rondônia.

E foi nesse ambiente de terra arrasada que em 1970 o prefeito de São Gabriel da Palha, Eduardo Glazar, decidiu fomentar o plantio do café conilon. Sob a supervisão do engenheiro agrônomo Ailton Vargas de Souza, da Acares, hoje Incaper, iniciou-se o processo de produção e distribuição de mudas. Decisão que contrastava com a iniciativa do Governo Federal, que como resposta à erradicação passou incentivar a renovação de lavouras, porém somente em altitudes acima de 400 metros, próprias ao arábica.

A concepção do projeto da Real Café contou com uma confluência exitosa de fatores, que qual faísca deflagram processos novos, transformadores e inovadores. É quando entram n história personagens chave. Do lado da produção, o então prefeito de São Gabriel da Palha, Dário Martinelli, também fundador de Coobriel, hoje uma potência no cooperativismo, e sucessor de Glazar. Jônice Tristão, com sua visão de mercado, espírito empreendedor e liderança empresarial. Por fim, o Governo do Estado com sua política de incentivo, aportando recursos por meio do recém-criado FUNRES – Fundo de Recuperação do Espírito Santo.

Sem dúvida, uma história de sucessivos êxitos. E nesse aspecto, é sempre interessante que ao enaltecermos fatos e eventos presentes busquemos no passado suas raízes, pois podem estar nelas as razões dos rumos e resultados que alcançamos no caminhar da história.

*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.