Os Estados Unidos e a China importaram, em 2024, algo em torno de US$ 40,5 bilhões dos estados conhecidos como “onças brasileiras”: US$ 9,7 bilhões pelo EUA e US$ 31,3 bilhões pela China. Para alguns, como o Espírito Santo, o principal mercado tem sido os EUA, enquanto para o MT, MS, PR, SC e GO e RS, produtores de commodities agrícolas e proteína animal, a China. Enquanto os BRMs destinam para os EUA cerca de 24% do total das exportações do Brasil para aquele país, para a China vão 33% de um total de 94,4 bilhões de dólares.
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Por Orlando Caliman*
Pelo segundo ano consecutivo a Apex Partners realizará em Nova York o evento BRM – Brasilian Regional Markets, na próxima segunda feira, no sugestivo e emblemático Harvard Club of New York. Coincidentemente ocorrerá, na mesma semana, o já tradicional Brasilian Week – Semana do Brasil, onde estarão presentes altas lideranças políticas e empresariais do país.
No caso do BRM o propósito é mostrar ao mundo dos negócios um lado do Brasil que está dando certo. Compõem mercados de estados que se destacam por atributos que os diferenciam em crescimento, em estabilidade fiscal e institucional, em ambiente de negócios, em desenvolvimento humano e em abertura econômica, dentre outros. Atributos que andam escassos em se tratando do Brasil.
E pelo fato de se postarem a frente no conjunto desses atributos já lhe deram o apropriado apelido de “onças” brasileiras. Compõem esse grupo os estados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul. Este último, principalmente pela velocidade com que se recuperou do desastre das enchentes.
Lá em Nova York, estes estados terão espaço para mostrar suas respectivas potencialidades e oportunidades de desenvolvimento, e seus projetos de futuro. Naturalmente, cada um, observadas suas características e composição de atividades econômicas e fatores que os destacam. Trata-se de um movimento tipicamente de diplomacia econômica ativa.
À primeira vista parece até paradoxal a realização do evento no maior centro econômico da maior economia do mundo, diante do atribulado momento pela qual passa a economia global, por conta do tarifaço desencadeado por Donald Trump. No entanto, ao que nos parece é mais do que oportuno, e necessário.
E essa necessidade vem da avaliação de que o que poderá resultar do atual embate ou guerra comercial global dependerá basicamente de movimentos dos dois principais polos, os Estados Unidos de um lado, e China, de outro.
Ou seja, oportunidades, amaças, perdas e ganhos, vistas a partir do Brasil e especificamente dos mercados regionais, estarão fortemente atreladas ao que resultar de possíveis acordos entre as duas potencias. E, de certa forma, lateralmente, da União Europeia em relação aos EUA.
Os olhares e a diplomacia econômica ativa desses BRMs, portanto, deverão estar voltados para esses dois focos antagônicos que se encontram em conflito e o que resultar dos reposicionamentos dos demais países, em especial do mercado europeu em relação aos EUA.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência