A cada ano, o Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) renova o portfólio de investimentos anunciados para o Espírito Santo, em valores acima de um milhão de reais por projeto, num horizonte de cinco anos. Distribuídos por setores, segmentos, regiões e municípios, além de designação de setores, segmentos ou mesmo projetos considerados relevantes do ponto de vista de valor, os números nos possibilitam fazer análises e leituras sobre movimentos e direções que funcional como balizadores do desenvolvimento capixaba. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.
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* Por Orlando Caliman
Em grandes números, os investimentos anunciados para o próximo quinquênio chegam a cerca de R$ 137 bilhões. Comparando-se com o que foi projetado no ano passado para o quinquênio 2023-28, que foi de R$ 97,50 bilhões, o salto é bem significativo: 41%.
Quando desagregamos esses números, dispondo-os por setores e segmentos específicos, a primeira leitura indica-nos que ainda estamos sendo fortemente acionados pelo nosso legado. No setor de petróleo e gás estão previstos investimentos no valor de R$ 47,5 bilhões, que equivalem a 35% do total. Só a Petrobras projeta R$ 35 bilhões em investimentos offshore.
No setor industrial como um todo estão previstos R$ 126,12 bilhões, incluindo-se obviamente os investimentos em petróleo e gás. Integram esse total R$ 52,51 bilhões em construções de rodovias, portos e ferrovias – EF 118 trecho Santa Leopoldina a Anchieta. Já para a indústria de transformação estão projetados R$ 11,4 bilhões, com destaque de investimentos da Vale, ArcelorMittal e Samarco.
Sob olhares em perspectiva podemos identificar dentre os investimentos anunciados aqueles que consideramos portadores de pegadas de futuro. Num primeiro grupo colocaríamos aqueles com potencial de destravar gargalos e abrir oportunidades.
Referimo-nos sobretudo aos investimentos em portos, com destaque para o Parklog em Aracruz, com viabilização mais imediata com os portos da Imetame e Portocel. Já o Porto Central, num prazo mais longo, viabilizando uma plataforma logística ao sul. Na frente rodoviária, destaques para a duplicação da BR 101 e BR 262 e ferroviária, EF 118. Todos considerados de alta relevância estratégica.
Mas, há um tipo de investimento que a meu ver embasa, justifica e de certa forma facilita todos os demais, que são os investimentos públicos. E mais que investimentos em si, a organização e a capacidade do Estado em possibilitá-los e viabilizá-los de forma crescente e sustentada no tempo.
Nesse quesito passamos de uma projeção de R$ 5,80 bilhões em 5 anos em 2018-22 para R$ 29,40 bilhões anunciados para 2024-29. Um crescimento de cerca de 400%. Com os dados anualizados isso significa um salto de R$ 1,16 bilhões para R$ 5,88 bilhões. Uma ancoragem fiscal e orçamentária sólida, que se presume garantida para o futuro, e que funcionará como fator de atração e impulsão de novos investimentos, além da abertura de janelas de oportunidades.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência