
Em um momento de busca de mercados fora dos seus limites geográficos, a economia capixaba ganha potencial de escalabilidade com a implantação do Parklog — uma plataforma logística e de ativos localizados no município de Aracruz, em boa parte já em operação e com investimentos em estágio avançado em diversificação portuária. O projeto tem potencial para transformar, sem dúvida, em um novo marco no desenvolvimento do Espírito Santo. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.
Acompanhe o Folha Business no Instagram
* Por Orlando Caliman
Numa leitura analógica eu diria que o Parklog tem tudo para se transformar em marco e ao mesmo tempo de nova fronteira para um novo salto de transformações da economia capixaba. Ou seja, vai muito além de um “hub” logístico. Assim como na década de sessenta foi o Porto de Tubarão ao proporcionar oportunidades de escalabilidade global com os chamados grandes projetos industriais.
Foi quando de uma economia frágil e de certa forma já decadente passou-se para economia fortemente centrada numa indústria integrada nacional e internacionalmente, com forte presença de commodities. Mas que, no tempo, ajudou a forjar uma sólida e diversificada estrutura produtiva que coloca o Espírito Santo em patamares elevados em desenvolvimento e competitividade.
Esse novo marco, o Parklog, no entanto, além de um simbolismo novo, carrega um forte conteúdo transformador. Primeiro, pela concentração e diferenciação de ativos. Afinal temos ali uma estrutura portuária diversificada, que lhe garante múltiplo uso. Segundo, por já dispor de uma base industrial e de serviços especializados também diversificada, inclusive com integração nacional e internacional. Além de reforçar a condição territorialmente estratégica de localização.
Pela primeira vez o Espírito Santo, com o Porto da Imetame, disporá de uma estrutura portuária que garantirá escala em operações em operações com contêineres. A previsão é que chegue a 1,3 milhões de TEUs – equivalente de contêineres de 20 pés. Em 2024 o Espírito Santo operou algo em torno de 230 mil.
Mas, a meu ver, o Governo do Estado, no lançamento do Parklog levado a efeito nesta semana, adiciona uma inovação, algo inédito à primeira vista. Refiro-me ao conceito que o modula, que envolve governança e gestão integradas e articulada de ativos e interesses que vão além do território mais imediato do entorno do complexo portuário. Bem no conceito de uma ampla plataforma de abrangência, influência e alcance mercadológico. Afinal, a carga é o foco, seja ela produzida no Espírito Santo ou quaisquer outras paragens.
Como bem colocaram o governador Casagrande e seu vice Ricardo Ferraço no lançamento, com o Parklog o Espírito Santo está fazendo, e bem, a sua parte, e contanto com operação público-privada exitosa. Porém, nos prendem ainda os velhos gargalos na infraestrutura que nos conecta com a potencial área de influência, sobretudo ferrovias, que nos liguem à hinterlândia e ao sul.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência