Sem ainda contarmos com números mais definitivos e de cálculos mais precisos sobre o que aconteceu na economia capixaba no primeiro trimestre deste ano, é possível adiantarmos duas notícias: uma ruim e outra boa. A primeira de que a taxa de evolução deverá vir abaixo da média nacional. A segunda, a boa notícia, a de que a porção do PIB atrelada ao mercado nacional e regional/local, o PIB cíclico, ao contrário, poderá vir forte. Confira a análise do diretor econômico da Futura, Orlando Caliman.
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Por Orlando Caliman*
Embora ainda não se disponham de estimativas do PIB trimestral, que no caso do Espírito Santo são feitas pelo Instituto Jones dos Santo Neves, dados divulgados pelo próprio instituto, levantados por pesquisas mensais do IBGE, relativos aos desempenhos setoriais, já sinalizam para um desempenho “não muito bom”.
Essa sinalização para o lado ruim vem principalmente do fraco desempenho da indústria, que acumulou nos primeiros três meses taxa negativa de 6,1 no volume de produção, com maior contribuição do segmento extrativa mineral – petróleo e aglomerado de minério de ferro. Este com queda de 9%. Com um peso relativo no entorno de 29%, certamente impactará negativamente o PIB total.
Ainda no setor industrial, a indústria de transformação apresentou queda de 0,2%, destacando-se negativamente o segmento de rochas, com redução de 5,4% no trimestre. Alimentos e metalurgia evoluíram positivamente, respectivamente em 0,1% e 3,3%.
A contribuição positiva ao PIB virá do comércio varejista, cujo peso relativo na formação do PIB é de 15%, e que pela pesquisa do IBGE demonstrou crescimento no volume comercializado de 5,7%. Aliás, bem superior ao observado em nível nacional, com 1,1% apenas. Na mesma direção, o crescimento no volume dos serviços, embora que relativamente fraco, 1,1% contra 2,4% em nível nacional, e participação de 49% no PIB, dará a sua contribuição positiva também.
No caso da agropecuária, no conceito de PIB ‘dentro da porteira’, com participação em 5,5%, é esperado que não apresente desempenho que possa reduzir ou neutralizar os impactos negativos, por exemplo, da indústria. As exportações de café no trimestre tiveram queda de 20%, em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Devido a características, com maior peso da cultura permanente, que a diferencia do perfil nacional, normalmente o melhor desempenho tende a não acontecer no primeiro trimestre.
Porém, se subtrairmos do PIB total a porção do PIB relativo ao segmento extrativa mineral, este deverá apresentar desempenho positivo. Estaríamos assim trabalhando com o conceito de PIB cíclico, influenciado pela dinâmica interna. É a esse PIB que se correlacionam positivamente, e de forma elástica, o crescimento do emprego, do comércio varejista e dos serviços. É a boa notícia.
*Orlando Caliman é economista, ex-secretário de Estado do Espírito Santo e diretor econômico da Futura Inteligência