
O Espírito Santo, sem dúvida, é hoje o estado brasileiro mais preparado para crescer e se desenvolver. Fruto do dever de casa bem-feito. Em 20 anos, de patinho feio, e em certos momentos até desdenhado em termos de oportunidade para investimentos, transformou-se em verdadeira joia da coroa.
Isso fruto de trabalho árduo e focado, e com visão de futuro. Mas, sobretudo, de cultivo de resiliência no trato das finanças públicas, transparência, planejamento e gestão. Uma pequena porção do Brasil que está dando certo.
Que é tudo o que almejamos e queremos. Mas, é também o momento no qual nos percebemos parte e parcela relativamente diminuta de um país que se perde no encontrar-se e orientar-se para um futuro melhor. É quando nos percebemos como reféns; presos em armadilhas complexas e de difíceis destraves. Somos, é claro, uma diminuta unidade de uma federação de estados.
Com isso quero chamar a atenção para o fato de estarmos diante de certos limites, enquanto nação, que são estruturais, sobre muitos dos quais não detemos poder e condições de implementar soluções. E isso num vasto campo de dimensões que vão desde macro políticas, reformas estruturantes, como da previdência, administrativa e trabalhista; e políticas setoriais com destaques para a educação e ciência e tecnologia.
Tomemos como exemplo o caso da produtividade do trabalho. Como forma de reduzir o impacto da reforma tributária na arrecadação estadual há um consenso de que deveremos elevar de maneira consistente e forte a produtividade do trabalho. Tudo bem. Só que para isso não dependemos apenas de fatores que dominamos.
Da mesma forma, fatores macroeconômicos podem funcionar como limitadores, mesmo em situações de igualdade de condições, como em relação as altas taxa de juros sobre investimentos.
A infraestrutura é outro fator a limitar. Nesse caso os custos logísticos. E aqui dois elementos chaves entram no jogo: limites de competências e escala. No limite de competências temos praticamente os grandes modais de transporte, que funcionam como obstáculos, tais como portos, ferrovias e rodovias sob o domínio da União. Basta observarmos o caso das ferrovias. Mesmo assim, estamos avançando.
No caso da escala temos uma economia que representa 1,9% da economia nacional e 1,7% do consumo total. Somos mais produtores que consumidores. A escala do consumo é menor que a escala do produto. São escalas que limitam a capacidade local de intervir em limites que lhes são impostos externamente.
Mas, o importante é que sabemos como enfrentar esses limites e para onde devemos ir. Ganhar escala no que nos compete e está ao nosso alcance, ganhar diversidade e complexidade em escopo – economias de escopo– em mercados mais sofisticados. E o que é importante: parte desse caminho já estamos trilhando.