Apenas US$ 1,220 bilhão (R$ R$ 6,71 bilhões) dos embarques do agronegócio foram contemplados com a retirada da tarifa adicional. Foto: Wellinson Tibúrcio
Apenas US$ 1,220 bilhão (R$ R$ 6,71 bilhões) dos embarques do agronegócio foram contemplados com a retirada da tarifa adicional. Foto: Wellinson Tibúrcio

A cacauicultura capixaba vive um momento de destaque. Nos últimos dez anos, a produtividade das lavouras cresceu quase 300%, saltando de 195 quilos por hectare em 2014 para 771 quilos por hectare em 2024. Mesmo com a redução da área colhida, o Espírito Santo mantém uma produção estável de cerca de 12 mil toneladas por ano, distribuídas em 15 mil hectares, consolidando-se como referência nacional em qualidade.

O estado ocupa atualmente a terceira posição no ranking nacional, atrás apenas da Bahia e do Pará. O cultivo do cacau está presente em 50 municípios capixabas, com destaque para Linhares, que responde por 68,4% da produção estadual. Na sequência aparecem Colatina (4,8%), Rio Bananal (4,5%), São Mateus (4,5%) e Águia Branca (1,9%). O avanço da região norte é resultado da adoção de sistemas agroflorestais, do melhoramento genético e da inovação tecnológica nas propriedades.

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Produtividade do cacau triplica e mantém o Espírito Santo entre os maiores produtores do país

De acordo com a Secretaria de Agricultura (Seag), cerca de 2.806 estabelecimentos rurais cultivam cacau no Espírito Santo, apoiados por 40 agroindústrias que transformam a matéria-prima em chocolates e derivados de alta qualidade.

Dados do Incaper mostram que, em 2023, o estado produziu 12,1 mil toneladas de cacau, com valor de produção estimado em R$ 179,3 milhões. No ano anterior, a produção foi de 11,7 mil toneladas, enquanto em 2013 o volume era de apenas 4,7 mil toneladas, evidenciando o crescimento contínuo tanto da produção quanto da produtividade.

O Espírito Santo também vem ampliando sua presença no mercado externo, exportando produtos com maior valor agregado. Em 2024, o estado embarcou 3,2 mil toneladas de derivados de cacau, totalizando US$ 20 milhões em exportações.

De janeiro a agosto de 2025, o valor já chega a US$ 14,3 milhões, com destaque para chocolates (US$ 4,1 milhões), cacau em pó sem adição de açúcar (US$ 1,8 milhão) e manteiga de cacau (US$ 1 milhão).

Para André Scampini, secretário-executivo da Associação dos Cacauicultores do Espírito Santo (Acau), o bom momento do setor é resultado direto da valorização internacional do produto:

“O cacau tem vivido um ótimo momento no mercado internacional, com alta significativa nos preços nos últimos anos. Isso estimulou o surgimento de novas lavouras e a retomada de áreas que estavam abandonadas. A demanda por mudas é tão alta que os viveiros do estado estão vendendo toda a produção com meses de antecedência, muitos deles duplicando ou triplicando a capacidade e ainda assim sem conseguir atender a todos os pedidos”, destacou Scampini.

Nos últimos dois anos, o preço do cacau no mercado internacional mais que dobrou, passando de US$ 2.894 em março de 2023 para US$ 6.361 atualmente. O aumento foi impulsionado por condições climáticas adversas, surtos de doenças e restrições de oferta na África Ocidental, região responsável por cerca de 75% da produção global.

No fim de 2024, os contratos futuros atingiram níveis recordes, chegando a valores entre US$ 10 mil e US$ 11 mil por tonelada, bem acima dos US$ 2,3 mil registrados três anos antes.

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Stefany Sampaio
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Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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