Transformar o cenário vitivinícola e turístico do Espírito Santo: esse é o propósito do Projeto Vines, iniciativa do Sebrae/ES em parceria com o Senac e instituições estratégicas como o Incaper. O programa pretende estimular o cultivo de uvas de inverno para a produção de vinhos finos, com identidade própria, base técnica sólida e potencial para colocar o estado entre os polos produtores de destaque do Brasil.
Lançado nesta semana em Vitória, o Vines surge como um movimento para fortalecer a vitivinicultura capixaba, impulsionar o turismo enogastronômico e fomentar o desenvolvimento sustentável nas regiões produtoras.
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Produção com técnica da dupla poda
A proposta contempla o cultivo de variedades como Syrah, Cabernet Franc e Sauvignon Blanc, que exigem manejo diferenciado e apresentam alto potencial para vinhos de qualidade. A colheita fora de época, aliada ao clima peculiar das montanhas capixabas, cria condições ideais para a produção de rótulos nobres e autorais.
Para o superintendente do Sebrae/ES, Pedro Rigo, o lançamento do projeto representa um marco para o agronegócio e o turismo do estado:
“Estamos resgatando uma história de mais de 30 anos, quando o Espírito Santo iniciou o cultivo de uvas com o sonho de produzir vinhos. Na época, as variedades escolhidas não eram adequadas para vinhos finos. Hoje, com base em estudos da Embrapa e da Epamig, sabemos que é possível produzir uvas de inverno em regiões já zoneadas pelo Incaper, com manejo e colheita diferenciados, ideais para vinhos de alta qualidade”, destacou Pedro Rigo.
Ele acrescenta que o Sebrae vai oferecer assistência técnica, modelagem de negócios e apoio aos produtores que desejarem investir em cantinas próprias. “Acreditamos que essa iniciativa transforma territórios e conecta profundamente com o turismo, especialmente pelo vínculo cultural com as colônias italianas presentes no estado. O vinho passa a ser não apenas um produto, mas uma experiência capixaba autêntica”, ressaltou o superintendente do Sebrae.
O produtor Gustavo Gomes Vervloet, da vinícola Cave Rara, localizada em Venda Nova do Imigrante, região das montanhas capixabas, disse que a possibilidade de produzir um vinho fino na região é possível por conta da técnica da dupla poda.
“Com a dupla poda, a gente conduziu a colheita da planta para um momento ideal, que é o inverno, onde temos noites frias, dias secos e menos chuva, similar ao clima europeu, que junto à altitude resultou na produção de um vinho de excelência”, disse Gustavo Gomes.
A dupla poda induz a planta a produzir no outono-inverno, diferente do ciclo tradicional do Sul do país, responsável pela maior parte dos vinhos finos brasileiros. Essa estratégia garante maturação em condições climáticas mais secas e estáveis, o que favorece a sanidade dos cachos, a concentração de açúcares e de compostos fenólicos e aromáticos, fatores decisivos para vinhos de maior qualidade.
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