Riscos geopolíticos impactam os planos de desenvolvimento do Espírito Santo Riscos geopolíticos impactam os planos de desenvolvimento do Espírito Santo Riscos geopolíticos impactam os planos de desenvolvimento do Espírito Santo Riscos geopolíticos impactam os planos de desenvolvimento do Espírito Santo

O Espírito Santo é uma das economias mais abertas do Brasil, ou seja, o comércio internacional tem uma participação relevante no PIB estadual. Ao mesmo tempo que importações e exportações seguem como um dos pilares da atividade do estado– e batendo recordes históricos nos últimos dois anos– as tensões geopolíticas globais devem ser levadas em consideração quando desenhamos os planos de desenvolvimento. É isso que analisa a seguir Orlando Caliman, diretor econômico da Futura.

Orlando Caliman | Planejar o futuro do Espírito Santo requer levar em conta não somente riscos de natureza econômica ou decorrentes de mudanças climáticas, e outros mais. Para um estado que depende fortemente de atividades com fortes conexões com mercados globais, cada vez mais multipolarizado, riscos geopolíticos passam para o topo das atenções. Riscos geopolíticos estão na ordem do dia em mercados que se conectam globalmente. Isso, sobretudo por conta das circunstâncias e turbulências provocadas pela intensificação de conflitos, que no limite chegam a guerras. Com destaque para a guerra entre Rússia e Ucrânia, e mais recentemente, entre Israel e o Hamas, no oriente médio. Ambos com alto potencial de escalabilidade e instabilidade, pois mexem com estruturas de poder político e econômico, em âmbito global, contrapondo, numa escala maior, forças entre ocidente e oriente. Mesmo assim, admitindo-se polarizações múltiplas que se degladiam em busca de hegemonias em campos dos seus respectivos interesses. Assim, é fácil entendermos que o nosso país e naturalmente o Espírito Santo, este por via de consequência, são partes dessas circunstâncias, podendo delas extrair resultados que lhes podem representar ganhos, perdas ou mantê-los na sobrevivência. Óbvio que no campo dos desejos e planos de futuro sempre estaremos em busca de um “jogo” de “ganha-ganha”. Mas, que para tanto, exige-se antes de tudo capacidade de identificarmos e escolhermos janelas de oportunidades, e de enfrentarmos os desafios que estas nos imporão no futuro. OS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO DO ESPÍRITO SANTO Chamo a atenção para esta temática pelo fato de estarmos no momento iniciando o processo de construção do plano de desenvolvimento do Espírito Santo, o plano ES2035, que recebe também a denominação de PlanoES500. Isso porque no seu horizonte de visão de Futuro coincide com a comemoração de 500 anos de história do nosso estado. Trata-se de um trabalho que está sendo desenvolvido em projeto que combina parcerias, compartilhamento e cooperação entre o setor público estadual, sob a gestão da Secretaria de Economia e Planejamento, com participação do Instituto Jones dos Santos Neves, e a ONG Espírito Santo em Ação. Aliás, um arranjo institucional exitoso, pois dele nasceram o ES2025, em 2005, e o ES 2030, em 2012, bem como as quatro versões do PEDEAG- Plano de Desenvolvimento Estratégico da Agricultura. Mas, por que chamar a atenção para as “circunstâncias” e especialmente para os riscos geopolíticos numa perspectiva de construção de futuro? A resposta está na leitura e percepção de que, nos próximos anos as imprevisibilidades e consequentes riscos, poderão advir mais do campo da geopolítica do que no campo, por exemplo, da economia. Naturalmente, com a primeira sempre funcionando como tensionador da segunda. Processos disruptivos na economia parecem ser mais fáceis de serem administrados. A instituição mercado é capaz, em grande parte, de dar conta dos ajustes. Diferentemente dos processos disruptivos no campo da política e geopolítica. E é no segundo caso que podemos dizer que estamos em um denso, intrincado e complexo processo de transição. O horizonte tende a se mostrar mais opaco, ou seja, oferecendo pouca ou nenhuma visibilidade. Das economias estaduais, o Espírito Santo encontra-se no topo quando comparamos coeficientes de abertura externa, por força principalmente do peso das commodities. China e EUA são nossos maiores parceiros econômicos. China representa 28% das nossas importações e 10% das exportações, enquanto os Estados Unidos 28 % das exportações e 14% das importações. E são estas nações, muito provavelmente, que estarão no front dos embates na geopolítica.

Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.