Senado pode votar desoneração da folha nesta semana Senado pode votar desoneração da folha nesta semana Senado pode votar desoneração da folha nesta semana Senado pode votar desoneração da folha nesta semana

Nesta quarta-feira (14), o Senado Federal pode finalmente votar o Projeto de Lei que trata da desoneração da folha de pagamentos, um tema que vem sendo discutido com intensidade nos últimos meses. Desde julho, quando a votação foi adiada para agosto, o cenário tem sido marcado por negociações complexas entre o Legislativo e o Executivo, em uma disputa entre necessidades fiscais do Governo Lula e a manutenção de maior competitividade de empresas de setores que mais empregam na economia.

O que esperar da desoneração da folha de pagamentos

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD/MG), liderou as negociações entre os parlamentares e o governo, com apoio do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), e dos senadores Jaques Wagner (PT/BA) e Randolfe Rodrigues (Sem partido/AC). O consenso, até o momento, parece estar na reoneração gradual a partir do próximo ano. No entanto, o ponto de maior controvérsia continua sendo a definição das medidas compensatórias necessárias para cobrir o impacto financeiro da desoneração, que o governo estima em R$ 26,3 bilhões para 2024. O Senado tem proposto diversas fontes de compensação, como a repatriação de ativos mantidos no exterior, o refinanciamento de dívidas de multas aplicadas por agências reguladoras (Refis), e receitas provenientes da regulamentação das apostas esportivas e de compras internacionais de até 50 dólares. O objetivo é evitar a elevação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), medida que encontra forte resistência entre os parlamentares, especialmente de Pacheco. Do outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tem afirmado que o governo não está aumentando impostos, mas sim cumprindo determinações legais, como as impostas pela Emenda Constitucional 103 e pelas recomendações do Tribunal de Contas da União (TCU). Haddad reconhece o desafio de encontrar fontes de compensação que sejam viáveis e suficientes para cobrir a desoneração, especialmente sem impactar negativamente a arrecadação do governo. A necessidade de uma solução urgente foi reforçada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que prorrogou até 11 de setembro o prazo para que Executivo e Legislativo cheguem a um acordo sobre o tema. O ministro Edson Fachin, responsável pela decisão, deixou claro que o impasse deve ser resolvido até essa data, sob pena de o processo de desoneração voltar a ser questionado judicialmente. No meio desse debate, a questão que fica é se as propostas em discussão realmente serão suficientes para fechar a conta da desoneração, como afirmou Randolfe Rodrigues. Enquanto isso, o mercado observa com atenção as movimentações em Brasília, especialmente após as declarações de Haddad sobre as melhorias na avaliação das agências de risco. Embora Fitch e S&P tenham elevado a nota de crédito do Brasil para BB, a Moody’s manteve uma postura mais cautelosa, ressaltando a fragilidade fiscal do país.

O vai e vem da desoneração da folha

Em 2023 o Congresso Nacional aprovou a prorrogação do incentivo fiscal até 2027 para 17 setores que mais empregam na economia, mas o presidente Lula (PT) vetou integralmente o projeto de lei aprovado. Na sequência, os parlamentares derrubaram o veto em dezembro, mas ao final do ano, o governo novamente editou a Medida Provisória 1.202 retomando a reoneração da Folha. O governo alega que os custos da Desoneração da Folha, estimados em cerca de R$ 18,4 bilhões, não compensam os benefícios em termos de produtividade e empregabilidade dos setores. Em fevereiro, houve a divulgação de um manifesto de 35 entidades ligadas aos 17 setores beneficiados pela desoneração com tom bastante crítico à MP da Reoneração. As entidades denominaram a medida do governo como “antidemocrática, autoritária e inconstitucional”, cobrando uma solução para a questão. Como consequência do manifesto, o Ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT) e o presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD/MG) se reuniram em busca de uma solução. O governo cedeu, editou nova medida provisória revogando os dispositivos da anterior e apresentou por meio de projeto de lei uma proposta de regulamentação da reoneração da Folha. Ao mesmo tempo, atuou por meio da AGU a derrubada da prorrogação da Desoneração da Folha por meio do STF, como abordamos acima. Imprevisibilidade afeta empresas O episódio da desoneração da folha gera muita insegurança e imprevisibilidade para os setores beneficiados. Apesar de já estarmos em agosto, os departamentos financeiros das empresas ainda não possuem 100% de certeza sobre quanto custará determinados investimentos que forem feitos no exercício de 2024 e de quanto eles custarão em 2025. E não é a primeira vez: em 2021 o benefício foi prorrogado na última semana do ano pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL). A insegurança jurídica é um dos principais fatores que dificultam empresas de realizarem investimentos e de terem previsibilidade em seus fluxos financeiros.