O tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos já causa prejuízos concretos ao Espírito Santo. Estimativas do setor apontam que, apenas em julho, cerca de 1.140 contêineres de rochas ornamentais vão deixar de ser embarcados para o mercado americano — o que pode representar uma perda de até US$ 38 milhões nas exportações capixabas. Em nível nacional, o impacto previsto é de 1.200 contêineres e até US$ 40 milhões em exportações suspensas.
Perda de competitividade ameaça décadas de avanço industrial
Desde o anúncio da medida pelo presidente Donald Trump, no dia 9 de julho, cerca de 60% dos embarques de rochas naturais brasileiras para os Estados Unidos foram suspensos. O impacto atinge em cheio as empresas capixabas, que concentram a maior parte da produção e logística do setor: o mercado americano é historicamente o principal destino das rochas brasileiras — 56,3% das exportações em 2024, o equivalente a US$ 711,1 milhões. Desse total, 82,3% foram embarcados pelo Espírito Santo, que sozinho remeteu US$ 672,4 milhões em produtos ao país norte-americano.
“Desde o anúncio, diversas empresas foram notificadas para não embarcar pedidos que chegariam após o dia 1º de agosto. Ainda não há cancelamentos formais, mas esse adiamento já é um indicativo claro de insegurança. Estamos falando de uma cadeia produtiva que movimenta mais de 200 exportadoras e cerca de 480 mil empregos diretos e indiretos no país”, explica Tales Machado, presidente do Centrorochas.
Para ele, o maior temor é a perda de competitividade frente a países como Itália, Turquia, Índia e China, que seguirão exportando com tarifas menores.
“Se a tarifa for mantida, os americanos vão buscar fornecedores em outros países. Esse espaço, uma vez perdido, pode não ser recuperado. Foram décadas para construir a reputação da indústria capixaba no exterior”, afirmou Machado à Coluna Mundo Business.
O setor tem articulado apoio de entidades internacionais, como o Natural Stone Institute (NSI), dos Estados Unidos, e com o governo brasileiro e do Espírito Santo, numa tentativa de abrir espaço para negociações diplomáticas. No estado, um comitê foi criado para acompanhar e avaliar os impactos das tarifas econômicas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Ele é coordenado pelo vice-governador Ricardo Ferraço e reúne representantes de diversas secretarias e instituições estaduais.