Caso seja efetivada, a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, na última semana, praticamente inviabiliza R$ 14,4 bilhões em exportações das ‘onças brasileiras’, conjunto de estados com maior dinamismo econômico, institucional e exportador — Espírito Santo, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e Rio Grande do Sul –, que são responsáveis por 36% dos embarques nacionais aos EUA. Os dados são de um estudo realizado pela Futura/Apex Partners, que analisou o real impacto das tarifas de Trump sobre o Brasil. Entenda.
Espírito Santo será um dos estados mais afetados, aponta economista
Inspirado pelos tigres asiáticos do final do século XX, o termo ‘onças brasileiras’ tem sido promovido pela Apex para designar oito Estados – Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul – que se consolidaram nos últimos anos como novos motores da economia nacional.
No último ano, esses estados responderam por US$ 14,4 bilhões em exportações para os Estados Unidos — ou 36% do total nacional. Segundo o estudo produzido pela Futura, há variações relevantes entre estados: enquanto o Espírito Santo destina 28,6% de tudo o que exporta para o mercado americano, o Mato Grosso embarca 1,5% – fazendo com que o estado capixaba tenha maior exposição relativa ao mercado americano.
Orlando Caliman, diretor econômico da Futura, aponta que, caso a tarifa entre em vigor a partir de 1º de agosto, o Espírito Santo poderá ter impactos significativos – entre os produtos mais afetados estão aço, rochas ornamentais, café e minério de ferro.
“É o nosso maior mercado. Para lá são destinados cerca de 28% das nossas exportações anualmente. Mais que o dobro da média nacional, que em 2024 foi de 12%. Na minha avaliação, a alíquota tarifária de 50% praticamente inviabilizaria exportações para os EUA, inclusive com o potencial de afetar internamente negócios lá”, afirma Caliman.
De acordo com o economista, o setor de rochas ornamentais capixaba possui o maior grau de exposição, já que 78% do total exportado tem como destino os Estados Unidos.
“Teoricamente, uma taxação de 50% inviabilizaria qualquer negócio nesse setor. Os impactos indiretos seriam também muito significativos, afetando várias cadeias de suprimento do setor, causando queda de empregos diretos e indiretos. Causaria forte impacto nas economia regional”, completa.
Ele aponta que o segundo setor mais impactado seria o do aço e derivados, com o mercado americano respondendo por 66% das exportações totais do produto. Em seguida, os segmentos de celulose em 51%; café solúvel em 37%, gengibre em 26% e minério de ferro em 13%.