Foto: Maeli Radis/Folha Vitória
Foto: Maeli Radis/Folha Vitória

Os exportadores brasileiros de cacau podem perder pelo menos US$ 36 milhões, o equivalente a cerca de R$ 180 milhões, em 2025 com a entrada da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os derivados de cacau. A estimativa é da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC).

Segundo a entidade, a sobretaxa adicional de 40%, somada aos 10% anunciados em abril, torna inviáveis as exportações brasileiras para o mercado americano. A medida começou a valer em 7 de agosto.

Acompanhe o Folha Business no Instagram

Taxas inviabilizam as exportações brasileiras aos EUA

Os Estados Unidos são o segundo principal destino dos derivados de cacau do Brasil, respondendo por 18% dos embarques. No caso da manteiga de cacau, quase 100% das exportações têm como destino o país. 

Em 2024, as vendas de derivados de cacau para os EUA somaram US$ 72,7 milhões, cerca de R$ 363 milhões. No primeiro semestre de 2025, os embarques atingiram US$ 64,8 milhões, aproximadamente R$ 325 milhões, representando mais de 25% do total exportado no período, segundo dados da AIPC.

A associação alerta que, sem a possibilidade de escoar a produção para o mercado americano, as empresas terão dificuldade para manter a produção em pleno funcionamento, o que pode elevar a ociosidade industrial e afetar empregos e investimentos nas regiões produtoras.

A AIPC estima que a ociosidade da indústria processadora de cacau pode chegar a 37% caso as exportações para os EUA sejam interrompidas.

A entidade também aponta que a nova tarifa compromete operações realizadas no regime de drawback, que permite a importação de insumos com suspensão de tributos desde que sejam utilizados para a produção de itens destinados à exportação. 

“A perda do mercado americano inviabiliza o cumprimento de diversos atos concessórios com vencimento entre dezembro de 2025 e março de 2027, gerando insegurança jurídica, risco de multas e aumento expressivo nos custos operacionais”, acrescentou a associação.

Diante do cenário, a AIPC defende que o governo brasileiro busque incluir os derivados de cacau na lista de exceções da sobretaxa. A associação também solicita medidas emergenciais, como a prorrogação dos prazos dos atos de drawback e a criação de linhas de crédito específicas para o setor.

Leia também:

Suzano tem lucro de R$ 5 bilhões no segundo trimestre e eleva projeção de investimentos

Stefany Sampaio
Stefany Sampaio

Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.