Trump abre exceções e Espírito Santo deve ter 'alívio' no Tarifaço

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem (30) um decreto que impõe oficialmente a tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros (somando-se aos 10% já vigentes), elevando o total para 50%. A medida, no entanto, prevê uma extensa lista de exceções como minério, celulose, rochas manufaturadas e aço – o que pode beneficiar o Espírito Santo ao aliviar os efeitos do ‘Tarifaço’ nos principais setores exportadores do estado. Entenda.

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Espírito Santo deve ser o estado mais beneficiado, aponta diretor econômico da Futura

As taxas entrarão em vigor em sete dias, a partir de 6 de agosto, e não mais no dia 1º, como previsto inicialmente. A lista de exceções anunciada por Trump contempla 694 produtos, incluindo alimentos como suco de laranja e castanhas, além de carvão e itens ligados à energia e aviação civil. Entre eles, estão produtos estratégicos da balança comercial capixaba.

Em entrevista à Coluna Mundo Business, o diretor econômico da Futura, Orlando Caliman, aponta que o impacto para o Espírito Santo tende a ser significativamente menor do que o previsto inicialmente.

Na minha leitura, o Espírito Santo talvez seja o estado mais beneficiado. Somos o segundo estado mais sujeito à atribuição americana, ou seja, proporcionalmente teríamos maior impacto, atrás apenas do Ceará. Agora, com a nova lista de exceções, teremos maior alívio em relação a outros estados do país, porque o Espírito Santo exporta basicamente produtos semi-industrializados que entraram nessa lista, como rochas, celulose e aço”, explica.

Ele reforça que, embora os produtos agrícolas capixabas – como café, mamão e pimenta-do-reino – tenham ficado de fora das exceções, o alívio nas exportações de maior valor agregado é expressivo. “Estamos falando, por exemplo, de R$ 6,3 bilhões em exportações de aço que poderiam estar comprometidas, mas que agora permanecem com a tarifa padrão de 10%, sem o acréscimo dos 40%. É uma diferença enorme”, destaca.

Um dos setores capixabas mais beneficiados – ou, “mais aliviados” –, segundo Caliman, será o de rochas ornamentais, responsável por quase US$ 700 milhões em exportações anuais apenas para os Estados Unidos. “É o setor que vai receber um alívio muito grande. As chamadas ‘pedras de cantaria’, que é o tipo que o Espírito Santo mais exporta para os EUA, foram isentas da tarifa adicional”, completa.

A Associação Brasileira de Rochas Naturais (Centrorochas) também se manifestou sobre o decreto. Em nota oficial, a entidade reconheceu que a inclusão da nomenclatura “pedra monumental ou para construção, trabalhada” na lista de isenções representa uma vitória parcial para o setor.

O presidente da associação, Tales Machado, destacou que os EUA são o principal destino das rochas brasileiras, com mais de 56% das exportações nacionais. “A confirmação da isenção da ‘pedra trabalhada’ é um importante avanço, mas precisamos assegurar que toda a cadeia compreenda os termos da medida e se prepare para os próximos passos. O setor está unido, agindo com responsabilidade, diálogo e estratégia”.

Antes da confirmação da isenção, a estimativa era de que o Espírito Santo deixaria de embarcar mais de 1.200 contêineres em julho, com prejuízos superiores a US$ 38 milhões.

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Ricardo Frizera

Colunista

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.

Sócio-diretor da Apex Partners, casa de investimentos com R$ 9 bilhões de reais sob cuidado. Seu propósito é ajudar a colocar o Espírito Santo no mapa. Alcança mais de 1 milhão de pessoas por mês utilizando plataformas de mídia digitais e tradicionais.