
A história do desenvolvimento da economia capixaba sempre esteve atrelada à infraestrutura. Com um investimento de R$ 7 bilhões e previsão de movimentar mais de R$ 20 bilhões ao longo de 25 anos, o projeto de universalização do saneamento em 43 municípios capixabas pode representar para o Espírito Santo o que a chegada da Vale representou décadas atrás: a consolidação de um novo ciclo de desenvolvimento. Em entrevista à Coluna Mundo Business, o CEO da GS Inima Brasil falou sobre a iniciativa e como o Espírito Santo se encaixa na estratégia de investimento da empresa. Confira.
Espírito Santo é uma vitrine nacional, aponta CEO
O leilão de concessão de parceria público-privada (PPP), realizado na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, no último mês, foi vencido pelas multinacionais GS Inima e Acciona, que assumirão a gestão dos serviços de saneamento básico em 35 municípios capixabas – entre eles, a capital Vitória e cidades como Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante e São Gabriel da Palha.
Em entrevista à coluna Mundo Business, o CEO da GS Inima Brasil destacou que o Espírito Santo se tornou estratégico para o grupo por reunir estabilidade institucional, ambiente favorável a investimentos e um modelo de concessão inovador, com escala e complexidade inéditas. Vale lembrar que o grupo espanhol também foi vencedor do primeiro leilão internacional de água de reúso do Brasil, promovido pela Cesan no ano passado.
“O Espírito Santo passou a ser estratégico para a GS Inima Brasil porque a gente considera que o estado é bem estruturado institucionalmente. Essa estabilidade econômica pesou na nossa estratégia de investir e buscar esse contrato grande. Estamos no mercado de concessões desde que esse modelo foi inaugurado no Brasil, e temos projetos de concessão em Ribeirão Preto, por exemplo, desde 1995, e em Alagoas. No Espírito Santo, esse desafio é ainda maior por ser um contrato que engloba 35 municípios, dentre eles, a capital Vitória. Então esse contrato único é, sim, uma grande oportunidade de ser uma vitrine nacional para a nossa empresa”, completa.
De acordo com o CEO, o projeto garantirá que 94% da população atendida tenha coleta e tratamento de esgoto até o fim da concessão – atualmente, esse índice é de 75%. Segundo ele, a PPP é um marco por sua escala, inovação e impacto econômico para diversos setores do estado.
“Temos como filosofia contratar e gerar oportunidades nas cidades onde atuamos. Isso ajuda a fomentar a economia regional. De imediato, no primeiro ano, temos uma previsão de 300 empregos diretos na própria concessionária. Fora isso, o planejamento engloba parcerias e contratos com empresas locais, que devem movimentar a economia dessas cidades e gerar outros 5 mil empregos indiretos”, explica.
Metade dos investimentos previstos será concentrada nos três primeiros anos, com aproximadamente R$ 500 milhões injetados diretamente na estrutura das cidades. “Essa fase inicial é crucial para acelerar a cobertura e gerar os primeiros impactos. Estamos falando de uma transformação urbana e social que vai beneficiar mais de 1 milhão de capixabas”, completa.
O projeto foi estruturado pela Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan), que continuará atuando na gestão da água, enquanto os serviços de esgoto e atividades administrativas passam a ser executados pela iniciativa privada.
Para Munir Abud, presidente da Cesan, a modelagem reforça a capacidade do estado em estruturar parcerias com o setor privado. “Não estamos vendendo saneamento. Estamos comprando um futuro melhor para todos os capixabas”, afirmou, durante o leilão.