Viticultura avança no Espírito Santo e está presente em 29 municípios

A viticultura está presente em diferentes regiões do Espírito Santo e, em 2024, teve produção registrada em 29 municípios capixabas. Ao todo, foram colhidas 2.720 toneladas de uvas no estado. Os dados são da Secretaria da Agricultura e evidenciam a diversidade territorial da cultura, que se concentra principalmente nas regiões serranas, mas também avança para outras áreas.

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Santa Teresa lidera produção de uva no estado

Santa Teresa se mantém como o maior produtor de uva do Espírito Santo. Em 2024, o município colheu 862 toneladas, volume que representa quase um terço de toda a produção estadual. Na sequência aparecem Marechal Floriano e Venda Nova do Imigrante, ambos com 240 toneladas.

Também se destacam Domingos Martins (185 toneladas), Vargem Alta (172 toneladas), Água Doce do Norte (150 toneladas), Alfredo Chaves (124 toneladas), Santa Leopoldina (105 toneladas) e Castelo (100 toneladas).

A lista de municípios produtores inclui ainda Barra de São Francisco (88 toneladas), Colatina (78 toneladas), Aracruz (54 toneladas), Santa Maria de Jetibá (48 toneladas), Afonso Cláudio e Muniz Freire (40 toneladas cada), Ibatiba e Mantenópolis (36 toneladas cada), além de Cariacica (30 toneladas) e outros municípios com volumes menores, mas relevantes para a diversificação da agricultura capixaba.

Entre as principais cultivares plantadas pelos produtores do Espírito Santo estão Niagara Rosada – a mais comum no estado -, Izabel Precoce, Carmem, Vitória e Bordô. As uvas são destinadas tanto ao consumo in natura quanto à fabricação de vinhos, sucos, espumantes e geleias.

Pesquisadores do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) elaboraram um panorama inédito sobre a produção e o processamento de uvas no Espírito Santo, reforçando a importância da vitivinicultura para a economia rural.

A cadeia da vitivinicultura, que engloba uvas, suco de uva, vinhos e espumantes, se destaca principalmente pelo perfil de produção familiar e pelo alto valor agregado dos produtos. Em 2024, o Valor da Produção (VP) da uva no estado alcançou R$ 22,3 milhões, com uma produção total de 2.720 toneladas.

Embora represente uma parcela relativamente pequena da produção nacional, a uva capixaba contribui de forma consistente para o cenário brasileiro. A área destinada ao cultivo no estado soma 159 hectares, demonstrando a presença consolidada da cultura na agricultura capixaba.

Mesmo diante de desafios e da concorrência em nível nacional, a produção de uvas no Espírito Santo mantém sua relevância para a diversificação da produção agrícola, especialmente nas regiões serranas.

Cadeia produtiva e gargalos identificados

De acordo com dados do Plano Estratégico de Desenvolvimento da Agricultura Capixaba (Pedeag), a cadeia de valor da uva conta com agentes comerciais bem desenvolvidos, como revendas de insumos e equipamentos, Ceasa, atravessadores e varejistas. No segmento “antes da porteira”, a oferta de defensivos, adubos, fertilizantes e estacas é considerada estruturada.

Já nas áreas de produção de sementes, mudas e genética, máquinas, equipamentos e embalagens, há espaço para avanços. A produção “dentro da porteira” é majoritariamente conduzida por agricultores familiares, com participação de associações. No pós-porteira, o beneficiamento primário é bem desenvolvido, com potencial de crescimento na indústria de alto valor agregado e no aproveitamento de resíduos.

Entre os agentes de apoio e serviços, destacam-se a oferta de crédito e financiamento, o desenvolvimento de mercado, certificações e a logística de suprimento e distribuição.

Forças, fraquezas e oportunidades da viticultura capixaba

Entre as forças da cadeia produtiva, apontadas no Pedeag 4, estão o agroturismo consolidado, a infraestrutura de comercialização com presença de agroindústrias, colhe e pague e Ceasas, além da tradição cultural, alta rentabilidade, condições favoráveis de produção, diversidade de regiões com potencial de expansão e existência de associações de produtores.

Por outro lado, as fraquezas incluem a redução no número de associados, a falta de manejo adequado da irrigação, ausência de padronização dos sistemas produtivos, necessidade de criação de uma coordenação estadual de fruticultura no Incaper, capacitação de agricultores e técnicos, concentração da produção em determinadas épocas do ano e carência de pesquisas adaptadas às condições locais.

Entre as oportunidades, destacam-se a posição geográfica estratégica do estado para logística de exportação, a proximidade entre regiões produtoras e a Região Metropolitana, a ampliação do agroturismo e do enoturismo em todo o Espírito Santo, a introdução de novas variedades viníferas, investimentos na produção de sucos integrais e a divulgação dos produtos em feiras livres e eventos regionais.

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Stefany Sampaio
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Colunista

Stefany Sampaio revela o universo do agronegócio capixaba de Norte a Sul, destacando dados, histórias inspiradoras, produtores e os principais acontecimentos do setor.

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