
Eu não esperava tanto do port de Assassin’s Creed Shadows no Nintendo Switch 2. Confesso que já cheguei com um pé atrás, lembrando de adaptações apressadas de outros jogos grandes. Mas bastaram poucos minutos explorando o Japão Feudal com Yasuke para perceber que a Ubisoft realmente acertou.
O jogo preserva toda a identidade visual da série, mantém um frame-rate estável na maior parte do tempo e usa muito bem os recursos do novo híbrido da Nintendo — inclusive em modo portátil, onde os ajustes são inteligentes, mesmo que algumas limitações apareçam.

Japão Feudal com dois protagonistas de peso
O jogo se passa no fim do Período Sengoku, uma era perfeita para o embate entre Assassinos e Templários. A ambientação é rica, densa, e cheia de lugares que me fizeram parar só pra admirar. Mas o que mais me prendeu foi o contraste entre os dois protagonistas. Yasuke, inspirado no histórico samurai africano, é força bruta, pesado e direto. Já Naoe, a shinobi, é pura agilidade, com foco em stealth e movimentação tensa. Alternar entre eles dá ritmo à campanha e evita a fadiga que senti em jogos como Valhalla.

A narrativa é envolvente e tem o que eu mais gosto em Assassin’s Creed: motivação pessoal misturada com conspirações históricas. Diferente de outros jogos recentes da série, Shadows é direto ao ponto. Não se arrasta demais, nem tenta inflar artificialmente a campanha. É gostoso de jogar do início ao fim, sem aquele cansaço que bate depois de 30 horas só fazendo tarefas repetitivas.
Combate adaptado para todos os gostos
Cada protagonista tem seu próprio arsenal. Yasuke pode usar armas como kanabo e naginata, enquanto Naoe domina shuriken, kusarigama (minha favorita) e até o bom e velho arco. O sistema de combate mistura ação direta com elementos de RPG, com árvores de habilidade para cada tipo de arma. A diferença entre os estilos faz com que valha a pena experimentar as duas abordagens. Em especial, usar Naoe com a katana em empunhadura reversa me lembrou muito a fluidez de Sekiro, mas com mais liberdade de escolha.

A parte técnica também me surpreendeu: mesmo com o mundo aberto cheio de detalhes, o jogo roda travado em 30fps com DLSS ativado, tanto no dock quanto no modo portátil. Sim, há pop-ins de textura e NPCs que surgem do nada — principalmente ao correr por vilarejos ou florestas densas —, mas nada que atrapalhe o combate ou a exploração. E o melhor: o input lag é quase nulo. Parar golpes, escalar prédios ou usar o Eagle Vision responde rápido, como deveria.
Portabilidade real com sacrifícios controlados
No Switch 2, Shadows oferece algo raro: portabilidade de verdade com performance decente. No dock, a resolução é competente, os ícones da HUD se ajustam automaticamente e o mundo mantém seu impacto visual, mesmo com brumas cobrindo o horizonte para esconder o draw distance. Já no modo portátil, há mais borrões, plantas com dithering e ícones em alta resolução que destoam do fundo. Mas mesmo assim, a experiência permanece sólida — especialmente porque os controles por toque funcionam muito bem, com suporte a multitouch no mapa e menus.

A Ubisoft claramente pensou o port com carinho. A presença de cross-progression via Ubisoft Connect facilita a vida de quem já jogava em outro console, e recursos como ajuste dinâmico de interface reforçam que o Switch 2 foi tratado com respeito, não como um downgrade forçado. Claro, a máquina tem seus limites — e você vai notá-los se olhar com uma lupa —, mas a experiência geral está longe de ser comprometida.
Uma das melhores adaptações já feitas pela Ubisoft
Não é exagero dizer que esse port de Assassin’s Creed Shadows é um dos melhores que a Ubisoft já fez para um console portátil. A ambientação continua hipnotizante, os visuais se mantêm competentes e toda a estrutura da campanha está presente, sem cortes. Se você gosta de jogar no sofá e também no ônibus ou metrô, essa versão é mais do que funcional — é agradável, respeitável e, na maior parte do tempo, impressionante.

Mesmo os momentos de stutter nos loadings iniciais ou os picos de desfoque nas áreas mais carregadas não tiram o brilho do conjunto. Dá pra ver que houve decisões técnicas conscientes, e não soluções emergenciais para fazer o jogo rodar. A escolha de usar neblina em vez de reduzir drasticamente o campo de visão foi certeira. A Ubisoft não sacrificou jogabilidade por performance — e isso faz toda a diferença.
Veredito
Assassin’s Creed Shadows no Switch 2 é mais do que apenas jogável — é uma das experiências mais completas da série em um portátil. O mundo feudal é encantador, os protagonistas são memoráveis e a performance técnica é sólida, com poucas concessões relevantes. É um baita exemplo de como adaptar um open world ambicioso para uma plataforma híbrida sem perder o charme, nem frustrar o jogador.
Recomendo fortemente para quem curte stealth, exploração e RPGs de ação — e claro, para quem quer jogar na TV e no transporte público com fluidez e qualidade. Se você já tem o jogo em outro console, o cross-progression faz valer uma segunda jogatina portátil.
Não é ideal para quem exige 60fps ou fidelidade visual extrema. Há borrões, NPCs que pipocam na tela e texturas simplificadas, especialmente no modo handheld. Mas se esses detalhes não forem dealbreakers pra você, a experiência vai te surpreender.
Precisa de patch? Seria ótimo ver melhorias no carregamento inicial e no sistema de pop-in em vilas mais densas. Fora isso, o jogo entrega muito mais do que o esperado — e aponta um futuro /promissor para ports desse porte no Switch 2.
NOTA: 9/10
E você, já pensou em começar sua jornada de assassino direto do bolso?