Battlefield 6 Review (PC) — Quando o caos volta a fazer sentido

Battlefield sempre foi sinônimo de escala. É o tipo de jogo que te faz sentir pequeno no meio de uma guerra gigantesca, com helicópteros rasgando o céu e tanques destruindo tudo à frente. Depois do desastre técnico e de identidade de Battlefield 2042, era difícil acreditar que a série pudesse se reencontrar. Mas Battlefield 6 faz exatamente isso: ele lembra o que significa ser Battlefield.

Testamos a versão de PC por mais de 20 horas, com foco no desempenho, no design das armas e na fluidez do modo multiplayer — e o resultado é surpreendente. Battlefield 6 é um retorno sólido às origens, misturando destruição em tempo real, jogabilidade tática e uma performance técnica que finalmente honra a franquia.

Campanha: um bom tutorial, mas nada além disso

Battlefield 6 traz de volta o modo singleplayer, mas é mais uma formalidade do que uma necessidade. A história acompanha a unidade Dagger 13, um grupo de elite dos Marines em uma corrida global contra a organização Pax Armata — um inimigo fictício que serve de pretexto para cenas explosivas. É uma campanha curta, com cerca de seis horas de duração, que existe principalmente para apresentar os sistemas de combate e o novo modelo de destruição.

O problema é que a narrativa não se sustenta. É cheia de clichês e personagens esquecíveis, e o roteiro tenta parecer sério sem ter peso. Ainda assim, há momentos visualmente memoráveis — como o salto HALO sobre o Cairo ou a missão em áreas desérticas com tanques. Servem como uma boa vitrine técnica, mas não como uma experiência narrativa. Battlefield 6 é sobre jogabilidade, e a campanha sabe o seu lugar.

Multijogador: a alma do Battlefield renasce

O coração de Battlefield 6 está no multiplayer, e aqui o jogo brilha. A sensação de estar em um conflito real voltou. Mapas colossais, destruição dinâmica, som imersivo e classes bem definidas criam a estrutura clássica que os fãs pediam. As partidas de Conquest e Breakthrough são longas, caóticas e, ao mesmo tempo, estratégicas. Jogar com coordenação e cumprir papéis é essencial — algo que 2042 ignorou completamente.

As classes voltam em forma tradicional: Assault, Engineer, Support e Recon. Cada uma tem equipamentos únicos e uma função clara. O Assault lidera a linha de frente; o Engineer domina os veículos; o Support mantém o time vivo; e o Recon dá visão e controle de território. Essa estrutura simples, mas eficiente, é o que torna o combate coeso. Battlefield 6 entende que o caos só é divertido quando existe uma lógica por trás dele.

Armas e física: um retorno ao peso e à precisão

Um dos maiores acertos está nas armas. O arsenal tem impacto real — cada disparo transmite peso e recuo tangível. Rifles como o M277 são uma aula de design sonoro e feedback tátil. O estúdio ajustou o “time to kill” (TTK) para um equilíbrio quase perfeito: rápido o bastante para ser tenso, mas não a ponto de eliminar o fator estratégico. O resultado é um FPS que recompensa controle, não sorte.

A personalização também evoluiu. Battlefield 6 oferece um sistema rápido e visual de modificação, com dezenas de acessórios desbloqueáveis conforme o progresso. O uso do novo campo de testes, acessível diretamente do menu, é uma das melhores adições da série — é possível testar armas e veículos em tempo real, sem depender de servidores externos.

Destruição e performance técnica

O motor Frostbite mostra o que é capaz de fazer. A destruição é o ponto alto do jogo: prédios colapsam, fachadas cedem, pontes desabam — tudo em tempo real. Em partidas com 128 jogadores, isso cria um espetáculo visual e físico difícil de replicar. A engine lida com partículas, iluminação e física sem perder fluidez.

Nos testes realizados no nosso PC de testes (confira a config no final do review), o jogo manteve 120fps em 1440p Ultra. Mesmo com ray tracing ativo, a performance permaneceu estável, e o input lag foi mínimo. Battlefield 6 é o título mais bem otimizado da série até hoje. A estabilidade é tão importante quanto a destruição — e aqui, ambas coexistem sem compromissos.

Mapas e veículos: escala e equilíbrio

Os mapas de Battlefield 6 são enormes, mas variados. “Cairo Collapse” e “Eastern Frontline” representam o que o jogo faz de melhor: múltiplos pontos de ataque, destruição em larga escala e liberdade total de movimento. Já “Manhattan Bridge”, embora visualmente impressionante, sofre com desequilíbrios de spawn e cobertura — uma correção de design deve vir em futuras atualizações.

Os veículos foram reformulados com mais vulnerabilidade e propósito. Tanques, helicópteros e jatos continuam poderosos, mas dependem de suporte. A coordenação entre classes é o que define o ritmo das partidas. O meta está bem ajustado, e o equilíbrio entre infantaria e veículos é o melhor desde Battlefield 3.

Visual e som: imersão total

No PC, Battlefield 6 não busca ser o jogo mais bonito, mas o mais vivo. A prioridade é fluidez. O nível de detalhe é consistente, com texturas limpas e iluminação HDR equilibrada. O que realmente impressiona é o áudio — cada disparo, explosão e jato sobrevoando o mapa foi trabalhado com precisão cirúrgica. O som direcional é funcional, não apenas estético, e isso impacta diretamente a jogabilidade.

VEREDITO

Battlefield 6 não é apenas uma correção de rota — é um renascimento. O multiplayer é o melhor da série desde Battlefield 3, o sistema de destruição é o mais completo já feito, e o desempenho técnico é exemplar. A campanha é fraca, sim, mas cumpre o papel de introduzir o jogador. No conjunto, Battlefield 6 é o FPS mais equilibrado e autêntico que a EA lançou em anos.

É um jogo que respeita o tempo e o investimento do jogador. É denso, divertido, e tecnicamente soberbo. E, mais importante, traz de volta o DNA que sempre definiu a série: o caos organizado. Battlefield voltou — e, desta vez, em grande estilo.

Nota final: 9/10

Configuração do PC de testes:

CPU: Ryzen 9800X3D
Cooler: DeepCool Castle White
MB: AsRock X670E PG Lightning
RAM: 32GB DDR5 7600MHz
NVMe:
3 X Kingston Fury 2TB
1X WD Black 2TB
HDD: 2 X 5TB
GPU: Gigabyte RX 9070 XT 16GB OC Gaming
Fonte: Pichau Gênesis 1200W (Cibernetcs Platinum)

Rômulo Justen
Rômulo Justen

Editor de Games

Jornalista que compila código e combos: troca bugs por chefões desde o Atari 2600. Agora farma XP em action‑RPGs com o filho Noah, sem perder o buff do café.

Jornalista que compila código e combos: troca bugs por chefões desde o Atari 2600. Agora farma XP em action‑RPGs com o filho Noah, sem perder o buff do café.