Um simples feijãozinho está conquistando usuários ao redor do mundo. Criado por Hank Green em parceria com a Honey B Games, o aplicativo Focus Friend alcançou o topo da App Store em países como EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, além de figurar entre os 50 mais baixados de Produtividade no Brasil. A ideia é clara: combater a procrastinação com uma mistura de fofura e culpa emocional.
A mecânica é simples. O usuário programa um timer para focar em uma tarefa. Enquanto isso, o feijãozinho começa a tricotar. Se você abrir outro app, ele derruba as agulhas, fica visivelmente triste e perde progresso. Ao completar o tempo, o personagem entrega meias virtuais, usadas como moeda para decorar o quarto do seu amigo digital.
Do algoritmo à disciplina digital
Green, conhecido por anos de conteúdo educativo no YouTube, foi direto em sua explicação: “Passei minha carreira aprendendo a prender a atenção das pessoas. Agora quero devolver esse tempo a elas”. A lógica de Focus Friend é transformar o que normalmente seria uma experiência rígida em uma relação emocional: decepcionar um feijãozinho dói mais do que simplesmente falhar em uma meta pessoal.
A desenvolvedora Bria Sullivan, que liderou o projeto quase sozinha, revelou que a ideia nasceu em janeiro de 2024, durante um jantar em que discutiam alternativas a merchandising de creators. O resultado foi um app que combina gamificação de hábitos e cuidado virtual, em linha com fenômenos como Finch (passarinho de autocuidado) e até o Duolingo, famoso pela coruja insistente.
Modelo de negócio e recepção
O app é gratuito, mas conta com a versão Pro por US$ 1,99/mês ou US$ 29,99 vitalício, que desbloqueia recursos extras, como escolha de quais apps bloquear e aceleração na produção de meias. Green afirmou no Bluesky que a equipe busca manter a experiência sem anúncios, apostando em assinaturas para sustentar a operação.
Usuários já relatam usos diversos: desde quem superou o bloqueio de leitura até professores que utilizam a ferramenta para planejar aulas. Até crianças estão adotando o Focus Friend para focar em lições de casa.
Cultura digital e manipulação emocional
O sucesso reflete um momento de fadiga digital, no qual surgem tendências como dumbphones e apps minimalistas. Mas, em vez de apenas bloquear distrações, o Focus Friend aposta em chantagem emocional ilustrada, criando um laço afetivo entre usuário e personagem.
Comparado a um Tamagotchi moderno, o app transforma procrastinação em jogo, onde decepcionar um pixel sorridente parece mais grave que desapontar chefes ou colegas. Resultado: quase 800 mil downloads em um mês e uma comunidade crescente de defensores da iniciativa.
E você, resistiria à culpa de deixar um feijãozinho triste só para abrir o TikTok?