Existem jogos que a gente já sabe logo de cara que não nasceram para serem levados a sério, e King of Meat é um deles. O novo título da Amazon Games aposta no absurdo: um game show mortal, personagens caricatos, customização hilária e muita zoeira para jogar em grupo. Eu passei algumas horas nele com amigos e rimos bastante — mas também ficou claro que, sozinho, o jogo perde grande parte da graça.
Primeiras impressões: um programa de TV insano
King of Meat coloca você como competidor de um reality show no submundo, algo entre Takeshi’s Castle e um “Gladiadores do Futuro” com armas e armadilhas. As fases são dungeons recheadas de inimigos, puzzles e obstáculos que parecem feitos de propósito para derrubar jogadores distraídos. O mais legal é como o jogo abraça o caos: ninguém sobrevive sem cair em armadilhas bobas, errar pulos ou gritar com o amigo que não ficou na placa de pressão. É essa energia caótica que garante boas risadas.
A cada rodada, seu desempenho gera ouro, que serve para liberar armas, habilidades e cosméticos. E é aí que minha imaturidade brilhou: claro que eu gastei no olho esbugalhado e no chifre mal colocado, só para deixar meu boneco ridículo. Isso é King of Meat — humor simples, debochado e divertido.
O charme e o problema da repetição
Depois de algumas partidas, a repetição fica evidente. Os mapas oficiais têm diferenças visuais, mas a estrutura se repete: inimigos, armadilhas e plataformas que parecem recicladas. É divertido nas primeiras horas, mas logo senti a falta de variedade real. O combate contribui para essa sensação: básico, funcional, mas sem profundidade. Ele existe mais para manter a bagunça rolando do que para oferecer desafio.
Essa simplicidade funciona em grupo, onde a diversão vem mais das falhas e das zoeiras entre amigos. Mas sozinho, fica cansativo rápido. Joguei algumas rodadas sem companhia e a sensação foi de estar preso em um loop que não me empolgava mais.
Comunidade pode salvar o jogo
Um ponto forte é o editor de mapas. Fácil de usar e relativamente flexível, ele permite criar dungeons com armadilhas, puzzles e arenas de combate. Já encontrei mapas bizarros criados por jogadores: um coliseu lotado de esqueletos, uma torre de plataformas quase impossível de escalar, e até fases-piada feitas só para trollar. Esse conteúdo criado pela comunidade tem potencial para manter King of Meat vivo.
Ainda assim, há limites. É preciso terminar sua própria criação para publicá-la, e há restrições de custo por sala. Faz sentido, mas restringe a criatividade mais “livre”. Mesmo assim, foi nesse modo que vi o maior potencial de longevidade do jogo.
Customização: o humor na pele
Outro ponto que rende diversão é a personalização dos personagens. Nada de status extras, só estética. Mas poder colar adesivos em lugares aleatórios, botar olhos onde não devia e inventar combinações bizarras já garante boas risadas. É o tipo de recurso que combina perfeitamente com a proposta descompromissada do jogo.
Melhor em grupo, limitado no preço
King of Meat é um jogo feito para multiplayer. Tem matchmaking e crossplay, mas é em amigos que ele realmente brilha. E aqui entra o maior problema: o preço. Custando US$29,99, fica difícil justificar quando tantos partygames gratuitos ou inclusos em serviços como Game Pass entregam experiências igualmente caóticas. Se fosse free-to-play, acredito que teria muito mais espaço no mercado.
O jogo não é ruim, pelo contrário: é divertido e cumpre bem a proposta de gerar risadas em grupo. Mas o custo alto, aliado à repetição e à limitação da experiência solo, pode afastar jogadores.
Veredito
King of Meat é uma boa pedida para quem quer rir com amigos em partidas rápidas e caóticas. Ele é simples, engraçado e tem potencial com o editor de mapas e crossplay. Mas também é repetitivo, raso em combate e caro para o que entrega. Eu gostei de jogar com amigos, mas não voltaria a jogá-lo sozinho.
Nota: 7/10
É pura diversão coletiva, mas falta conteúdo para sustentar quem busca algo além da zoeira inicial. Espero que em futuros updates isso mude.