
Logo na primeira partida de Marvel Cosmic Invasion, percebi que a Tribute Games não veio brincar em serviço. O impacto dos primeiros socos, o feedback visual dos combos, o dinamismo da troca de personagens e o capricho nos cenários me puxaram direto para a era de ouro dos arcades, mas com uma responsividade que só os bons indies modernos sabem entregar.

A câmera é fixa, como manda o beat ‘em up clássico, mas a leitura da HUD e o posicionamento dos inimigos são sempre claros, mesmo nas fases mais caóticas. É um jogo que abraça a nostalgia sem ficar preso ao passado — e com isso acerta em cheio.
Marvel Cosmic Invasion acerta em cheio no combate e na variedade
Com 15 heróis jogáveis logo de cara (e mais alguns que você libera jogando), o jogo coloca nomes conhecidos como Homem-Aranha, Homem-de-Ferro e Wolverine lado a lado com personagens menos populares, mas incrivelmente carismáticos, como Bill Raio Beta, Phyla-Vell e Nova.

O elenco é bem distribuído e, mesmo com certo desbalanceamento entre estilos, todos têm algo único: Venom joga inimigos, Rocket Raccoon usa granadas aleatórias, Tempestade voa e lança raios em área.
É divertido testar as combinações, ainda mais quando cada jogador pode escolher dois heróis e alternar entre eles — como num Marvel vs. Capcom adaptado para o mundo side-scroller (inclusive alguns golpes e especiais parecem tirados diretamente do jogo da Capcom).

O modo campanha é uma viagem multiversal em 16 fases, cada uma com seu tema próprio, do caos urbano de Nova York até as ruínas cósmicas de Hela e o brilho divino de Asgard. Tudo é desenhado à mão com um cuidado absurdo: as animações são suaves, os fundos vivos, cheios de referências para fãs atentos.
Cada fase tem três desafios opcionais e um Cubo Cósmico escondido — coletáveis que não só estimulam a exploração, como desbloqueiam cores alternativas, arquivos da Nova Corps e modificadores para o Modo Arcade.

Sistema de progressão e tag elevam o jogo a outro nível
A mecânica de revezamento entre personagens é o grande diferencial aqui. Funciona em tempo real e permite transições suaves para combos encadeados, abusando da sinergia entre ataques de área, especiais focados e projéteis.
Dá pra montar duplas complementares como Tempestade e She-Hulk ou fazer setups malucos com Deadpool e Rocket Raccoon — e o melhor: funciona tanto offline quanto online, com suporte a cross-play e partidas bem estáveis. Joguei sessões com três pessoas simultaneamente sem qualquer engasgo ou desincronização de inputs.

Cada herói sobe de nível à medida que é usado, ganhando mais HP, Focus (energia para ataques especiais) e até bônus passivos. A progressão é leve, mas útil — um empurrãozinho a mais pra experimentar heróis diferentes sem punição. O sistema de pontuação ao fim das fases também incentiva o domínio das habilidades, já que cada ação conta: fazer um combo de cinco hits, não tomar dano, eliminar grupos com um único golpe… tudo vira XP.

Os modificadores desbloqueáveis no modo Arcade são outro toque esperto. Além de trazerem mais desafio — como inimigos mais rápidos ou restrição de cura — também adicionam qualidade de vida para quem quer só curtir, como o modo Free Play, que elimina o Game Over. A liberdade para rejogar as fases com novas condições é algo que senti falta em muitos jogos do gênero, e aqui é tratado com naturalidade.

Se algo merece patch, diria que o balanceamento entre certos personagens pode ser mais ajustado, principalmente em desafios específicos da campanha (Knull, te odeio). Mas nada que estrague a diversão geral — só pequenas arestas num pacote caprichado.
Veredito
Marvel Cosmic Invasion é um presente para quem cresceu nos fliperamas, mas também sabe reconhecer quando um estúdio moderniza a fórmula sem perder a essência. A Tribute Games mostra, mais uma vez, que entende o que torna o beat ‘em up especial: ritmo, impacto, fluidez e variedade. E tudo isso está aqui, embrulhado com uma camada brilhante de Marvel e humor pontual.
Recomendo com tranquilidade para fãs de quadrinhos, jogadores veteranos de arcade, e quem curtiu Shredder’s Revenge. Se você gostou do sistema de tags de Marvel vs. Capcom e da progressão leve de jogos como Scott Pilgrim vs. The World, vai encontrar aqui um meio-termo muito bem executado.