
É sempre curioso revisitar jogos que marcaram época. Eu cresci jogando Pac-Man em fliperamas, e depois, quando Pac-Man World 2 chegou em 2002 para PS2, GameCube e Xbox, foi uma surpresa ver o personagem em um 3D cheio de charme e com aquela pegada de coletar, explorar e enfrentar fantasmas de uma forma nova.
Agora, em 2025, tive a chance de jogar Pac-Man World 2 Re-Pac no Nintendo Switch 2, e posso dizer: o jogo volta com uma roupagem que mistura nostalgia e melhorias bem-vindas, mas ainda com alguns pontos que lembram seu DNA de início dos anos 2000.
Uma história simples que serve de pano de fundo
A trama continua leve, quase como um desenho animado. Os fantasmas — Blinky, Pinky, Inky e Clyde — roubam as frutas douradas da árvore central da Pac-Village e acabam libertando Spooky, o vilão principal.
Cabe a Pac-Man recuperar as frutas, restaurar a paz e deter esse espírito mascarado. Nada de narrativas profundas ou reviravoltas — é só a desculpa para colocar você em fases coloridas, mas isso nunca foi problema em um jogo como esse. Para mim, funciona como um pano de fundo divertido que combina com o ritmo mais solto.
No Switch 2, as cutscenes ganharam uma cara totalmente nova. Esqueça os modelos meio esquisitos da versão de 2002: agora parece um episódio moderno de animação em CGI, vibrante e cheio de energia. Isso dá um gás para quem joga hoje sem perder o espírito carismático de antigamente.
Visual atualizado e cheio de cor
A Bandai Namco caprichou no visual. Jogando no Switch 2, o jogo roda bonito, com cores vivas e cenários detalhados. As fases são lineares, mas cada uma tem personalidade: florestas, cavernas, gelo, áreas aquáticas.
O destaque fica para as melhorias na iluminação, que dão vida a cenários que antes eram planos. A área da floresta ao entardecer, por exemplo, é uma das que mais me chamou atenção: o contraste das sombras e o clima realmente te coloca dentro do mundo do Pac-Man.
Os personagens também estão mais expressivos. Pac-Man não só corre e pula, mas suas expressões mudam o tempo todo, deixando tudo mais animado. Isso ajuda a dar vida ao universo que, no fundo, sempre foi simples, mas agora se sente mais cheio de identidade.
Jogabilidade: pequenos toques que fazem diferença
Se em 2002 o jogo já era divertido, hoje ele fica mais agradável de jogar graças a pequenas melhorias. Uma delas é o indicador de queda, que mostra onde Pac-Man vai aterrissar quando pula ou dá um “butt-bounce”. É um detalhe simples, mas evita muita frustração — e olha que em jogos de plataforma isso faz diferença demais.
O loop principal continua sendo coletar frutas, moedas e bolinhas espalhadas pelas fases. Parece básico, mas quem gosta de explorar vai encontrar desafio em buscar 100% em cada nível (demorei a encontrar a última fruta já do primeiro nível).
A variedade também ajuda: uma hora você está deslizando em cavernas de gelo, em outra pilotando um submarino e enfrentando uma baleia mecânica. Essas variações deixam o ritmo mais leve e mostram que o estúdio pensou em não cair na mesmice.
O Switch 2 ajuda com controles mais precisos e resposta rápida. Senti menos aquela sensação de “escorregada” em pulos, típica dos jogos antigos.
Dificuldade que surpreende
Não se engane com o clima alegre e colorido. Depois de algumas fases iniciais tranquilas, o jogo começa a exigir mais. Plataformas cheias de armadilhas, inimigos em maior número e chefes que pedem paciência.
Eu mesmo fiquei preso em um chefe específico, lembrando dos velhos tempos em que insistir era parte da diversão. Para quem busca desafio, isso é ótimo. Mas entendo que para jogadores mais novos ou casuais, pode ser um muro difícil de superar.
Pensando nisso, o remake adiciona o Fairy Mode, que dá vidas infinitas, resistência extra e plataformas de apoio. É uma boa solução, mas nem sempre resolve no caso dos chefes, que exigem leitura e precisão.
Extras e novidades do remake
É aqui que o Re-Pac realmente mostra valor. Além da campanha principal refeita, o jogo ganhou missões extras dentro das fases: coletar tudo, destruir objetos, derrotar todos os inimigos, completar desafios específicos. Isso dá motivos para revisitar fases e amplia a vida útil do jogo.
Há também time trials, que vão agradar quem curte velocidade e desafios cronometrados. Completar essas missões desbloqueia roupas para o Pac-Man e figuras colecionáveis para exibir na vila. E, para os nostálgicos, ainda dá para jogar clássicos de fliperama no arcade da Pac-Village, ouvir músicas no jukebox e até experimentar labirintos 2D modernos.
Outro destaque é o modo cooperativo: um segundo jogador pode controlar o Pac-Drone, ajudando a coletar itens e atacar inimigos à distância. É um recurso simples, mas que funciona bem para jogar junto com alguém menos experiente ou até para brincar com crianças.
O ponto alto das novidades é o conjunto de fases remisturadas, liberadas depois da campanha principal. São fases novas, maiores e mais elaboradas, que rendem boas horas extras para quem já fechou a aventura.
Veredito
Pac-Man World 2 Re-Pac no Nintendo Switch 2 consegue o que muitos remakes não conseguem: respeita o passado, mas melhora pontos que realmente precisavam de atenção. O jogo está mais bonito, mais agradável de controlar e ainda traz conteúdo novo que justifica revisitar Pac-Land em 2025.
Claro, a dificuldade pode assustar em alguns momentos, e quem esperava um remake 100% fiel talvez estranhe algumas mudanças. Mas, no geral, é uma celebração divertida de um dos melhores jogos 3D do Pac-Man, agora polido e com extras que valem a pena.
Para fãs de longa data, como eu, é quase obrigatório. Para novos jogadores, pode ser a porta de entrada perfeita para conhecer o lado 3D desse personagem tão icônico.