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Review Real Bout Fatal Fury 2: The Newcomers – a nostalgia bate forte

Revisite os clássicos da SNK com Real Bout Fatal Fury 2 e descubra a nostalgia dos jogos de luta dos anos 90.

Leitura: 7 Minutos
Review Real Bout Fatal Fury 2: The Newcomers – a nostalgia bate forte

Eu cresci jogando jogos de luta, e poucos ficaram tão marcados na minha memória quanto os da SNK. Street Fighter sempre foi o gigante, mas quem viveu os anos 90 sabe que Fatal Fury tinha um sabor diferente.

Real Bout Fatal Fury 2: The Newcomers, lançado em 1998 no Neo Geo, era um desses jogos que você colocava uma ficha no fliperama e perdia a noção do tempo. Hoje, em 2025, revisitar esse clássico através do relançamento da SNK e da Code Mystics foi como abrir uma cápsula do tempo — e a sensação foi melhor do que eu esperava.

Um jogo que nunca pediu paciência

Enquanto jogos como Street Fighter II apostavam em cadência, Real Bout 2 sempre foi sobre agressividade. Aqui não existe esperar calmamente no canto da tela: o jogo te empurra para frente o tempo todo. Os Breakshots (contra-ataques ativados em golpes bloqueados) e o famoso sistema de duas linhas — que permite recuar para o fundo ou avançar por trás do adversário — criam um ritmo caótico que ainda hoje parece mais ousado que muitos jogos modernos.

Jogar novamente me lembrou por que eu passava tardes tentando dominar esses sistemas. Sair de um projétil com um sway e aparecer atrás do rival para punir com um combo simples ainda dá aquela sensação de “fiz bonito”. É um estilo de jogo que recompensa iniciativa, algo que nem sempre se vê nos lançamentos de luta atuais.

Treino, online e acessibilidade moderna

A maior diferença deste relançamento para o original é a quantidade de recursos modernos. No arcade dos anos 90, não existia modo treino. Se você queria aprender um combo, tinha que gastar fichas até acertar. Agora temos treino com visualização de hitboxes, algo impensável na época. Em minutos já estava criando meus BnBs básicos com a Combination Attack System e entendendo melhor as ferramentas de cada personagem.

O online com rollback netcode também é essencial. Jogar Fatal Fury em casa, sem precisar de fliperama, já era bom nos ports antigos. Agora, poder enfrentar jogadores do mundo todo com uma conexão estável é quase um sonho para quem cresceu na era do lag terrível das primeiras experiências online.

O elenco e a identidade da SNK

São 22 personagens, entre eles ícones como Terry Bogard, Mai Shiranui e Geese Howard, além de novatos como Rick Strowd e Li Xiangfei, que ajudaram a diferenciar Real Bout 2 do restante da série. A SNK sempre teve um talento especial para criar personagens carismáticos, e aqui isso fica claro: cada retrato, cada sprite e cada cenário é uma explosão de identidade visual.

Os sprites continuam lindíssimos. A SNK estava em seu auge de pixel art nos anos 90, e ver essas animações rodando em alta definição em 2025 mostra como envelheceram bem. Poucos jogos modernos conseguem transmitir tanto carisma em tão poucos pixels.

Ritmo sem pausa

Algo que me pegou de surpresa foi o quanto o jogo não deixa você respirar. Entre rounds, entre lutas, tudo acontece em segundos. Ganhou de um oponente? Já está entrando contra o próximo. É quase frenético demais para quem está acostumado com menus elegantes e cinemáticas de introdução de jogos modernos. Mas eu gosto disso. É direto ao ponto, sem enrolação.

Essa cadência foi uma das coisas que mais me lembrei da época do arcade. Você não tinha tempo nem de pegar um refrigerante antes da próxima luta. A experiência aqui é praticamente a mesma.

Limitações que ainda pesam

Claro que nem tudo são flores. Parte da autenticidade também traz os problemas dos anos 90. Os supers ainda têm comandos estranhos, inputs exigentes e às vezes resultados inconsistentes. O balanceamento é cru: alguns personagens têm vantagens enormes e outros parecem injustiçados. Para quem está acostumado com jogos modernos, pode soar frustrante.

Outro ponto é o conteúdo: apesar da galeria com 59 artes e dos modos online, treino e arcade, não há extras robustos como desafios, missões ou tutoriais detalhados. Para quem é novo na série, a curva de aprendizado pode ser íngreme.

Nostalgia que funciona

Mesmo com esses pontos, jogar Real Bout Fatal Fury 2 em 2025 foi especial para mim. Não é só sobre gráficos ou sistemas — é sobre revisitar uma época em que jogos de luta eram mais diretos, mais crus e, por isso mesmo, mais intensos. Ele ainda diverte porque não tenta ser algo que não é. Ele sabe que sua identidade é a ação agressiva e sem descanso.

E essa honestidade, em um mercado cheio de jogos cheios de camadas e menus intermináveis, é refrescante.

VEREDITO

Real Bout Fatal Fury 2: The Newcomers é um pedaço da história da SNK que continua vivo. Ele tem falhas, sim, mas também tem alma — e é essa alma que me fez voltar a sorrir em frente à tela como quando eu tinha 12 anos no fliperama. Para veteranos, é obrigatório. Para novatos, é uma chance de entender o que tornava os anos 90 tão mágicos para os jogos de luta.

Nota: 8/10

Rômulo Justen
Rômulo Justen

Editor de Games

Jornalista que compila código e combos: troca bugs por chefões desde o Atari 2600. Agora farma XP em action‑RPGs com o filho Noah, sem perder o buff do café.

Jornalista que compila código e combos: troca bugs por chefões desde o Atari 2600. Agora farma XP em action‑RPGs com o filho Noah, sem perder o buff do café.