
Logo nos primeiros minutos de Reus 2, percebi que estava diante de algo diferente. Não só pelo visual vibrante, com titãs gigantes esculpindo planetas como se fossem massinha de modelar, mas pela forma como o jogo te joga direto no caos da criação.
É um god simulator com um toque roguelike e uma pitada estratégica que exige mais da sua cabeça do que dos seus reflexos. E mesmo com a frustração inicial, fiquei fisgado — pela promessa de dominar a evolução humana, um planeta por vez.

Construir é divino, equilibrar é infernal
A base do jogo gira em torno de comandar titãs elementais — seis no total — que moldam biomas, posicionam recursos e criam condições para que civilizações floresçam. Só que, diferente de city builders clássicos como Banished ou Frostpunk, Reus 2 não te dá o controle direto da humanidade.
Você influencia. E o resultado dessa influência pode ser um paraíso pacífico… ou uma zona de guerra interplanetária. Cada planeta é uma rodada de aprendizado, onde errar custa caro e começar do zero não é punição, é rotina.

O loop é inteligente: você terraforma, posiciona flora e fauna, atrai facções e precisa mantê-las em equilíbrio, oferecendo recursos certos nos locais certos. Parece simples? Não é. Em pouco tempo, o jogo te bombardeia com sinergias, efeitos em cadeia, bônus ocultos, penalidades contextuais e uma lógica quase puzzle.
Quando vi, estava com mais abas abertas do que em um dia de fechamento de pauta — tudo para entender como combinar planta x com minério y para satisfazer uma facção que odeia peixe mas adora ciência. É brilhante, mas exige um esforço mental brutal.
Criar mundos é lindo — até que a humanidade te odeie
Graficamente, Reus 2 é um colírio. Os biomas têm personalidade, os titãs são verdadeiras esculturas vivas e a trilha sonora é calmante como música ambiente de spa galáctico. Só que essa serenidade esconde uma camada tensa de decisões morais e mecânicas profundas.
A atualização Cataclysm adiciona um fator ainda mais imprevisível: os humanos agora têm vontades próprias, fazem alianças, declaram guerras e até caçam seus titãs se você exagerar no controle divino. Nessa hora, liberar um terremoto ou um tsunami se torna menos uma punição… e mais uma catarse deliciosa.

Por outro lado, o jogo derrapa feio no onboarding. O tutorial explica o básico, mas não prepara para o tsunami de sistemas interconectados que vem depois. É um título que exige leitura externa, guias e interação com a comunidade — que, felizmente, é ativa e receptiva. No PC, isso flui melhor, mas no Nintendo Switch a situação complica: a interface é truncada, o input é impreciso e a experiência geral sofre. Aqui, mouse e teclado são quase obrigatórios.
VEREDITO

Reus 2 me conquistou pela ambição. É um jogo sobre criar, perder e tentar de novo. Sobre entender que até deuses precisam de tentativa e erro. As decisões são pesadas, mas recompensadoras. A curva de aprendizado é uma parede, não uma rampa. Mas para quem gosta de jogos que misturam criação, estratégia e dilemas filosóficos, poucas experiências são tão singulares.
Se você tem tempo e cabeça para mergulhar fundo, Reus 2 entrega um dos simuladores mais provocativos e originais dos últimos anos. E você, prefere comandar com sabedoria ou destruir tudo com um dedo?