Quando comecei o review de Towa and the Guardians of the Sacred Tree no Nintendo Switch 2, percebi que não era apenas mais um roguelike de ação. A Brownies Inc., estúdio conhecido por jogos com forte identidade japonesa, em parceria com a Bandai Namco, trouxe um projeto que equilibra desafio, estética e emoção.
Quero que você tenha em mente que eu sou um fã ardoroso de Roguelikes, então sou bem exigente para jogos nesse estilo.
E o resultado de Towa é uma aventura que mistura combate estratégico, progressão profunda e narrativa envolvente. Jogar no novo console da Nintendo adicionou uma camada extra de performance e estabilidade que valoriza cada detalhe artístico.
Minha expectativa inicial era de encontrar um roguelike charmoso, mas repetitivo, como tantos outros lançamentos recentes. Para minha surpresa, encontrei algo mais robusto.
Cada run oferece novas possibilidades de experimentação e, mesmo após horas, ainda descobri mecânicas, combinações de habilidades e diálogos inéditos. É um jogo que cresce quanto mais você insiste em explorá-lo.
Towa and the Guardians of the Sacred Tree e sua identidade
A narrativa começa simples: Towa, a sacerdotisa, precisa proteger o vilarejo de Shinju contra Magatsu e suas criaturas corrompidas. Porém, esse pano de fundo se transforma rapidamente em algo mais profundo, à medida que o vilarejo evolui e os personagens demonstram desenvolvimento próprio.
O grande diferencial é como o jogo dá vida ao ambiente. NPCs envelhecem, crianças crescem, personagens mudam com o tempo. Essa evolução torna a jornada mais pessoal, pois cada run impacta o mundo ao redor.
A identidade visual reforça esse aspecto. Os cenários parecem inspirados em pinturas japonesas tradicionais, com florestas verdejantes, cavernas sombrias, montanhas nevadas e jardins floridos que saltam aos olhos.
Jogando no Switch 2, o contraste de cores vibrantes e a fluidez das animações se destacam. O console lida muito bem com os efeitos visuais, mesmo em batalhas intensas contra hordas de inimigos. A direção de arte é claramente um dos maiores triunfos.
Além disso, os personagens são carismáticos. Seus retratos em 2D transmitem emoções sutis, enquanto os modelos em 3D, bem animados, reforçam a identidade única de cada guardião.
É possível até trocar trajes, adicionando uma camada de personalização divertida. A dublagem em inglês e japonês, combinada com diálogos exclusivos para cada combinação de personagens, faz com que cada interação pareça especial.
Combate estratégico com duas camadas
O sistema de combate é o coração de Towa and the Guardians of the Sacred Tree. Diferente de roguelikes mais diretos, como Hades, aqui você controla dois personagens simultaneamente: o Tsurugi, responsável pelo ataque físico, e o Kagura, suporte mágico que pode ser controlado por IA ou por um segundo jogador em modo co-op local.
As espadas do Tsurugi se desgastam rápido, forçando trocas constantes que funcionam como mecânica estratégica e também como ataque rápido ao alternar. Cada espada tem estilo próprio, incentivando experimentação.
Enquanto isso, o Kagura pode lançar magias ofensivas ou defensivas, criando sinergias únicas. Esse sistema garante variedade, mas exige atenção. É preciso pensar em posicionamento, tempo de esquiva e gerenciamento de recursos.
O sistema de Graces adiciona tempero às runs. São melhorias temporárias que mudam o estilo de jogo. Em uma run, consegui regenerar vigor sempre que esquivava, criando uma estratégia quase infinita de ataques rápidos.
Em outra, investi em magias de suporte, tornando meu Kagura essencial para a sobrevivência. Essas combinações aumentam o fator replay e fazem cada tentativa parecer diferente da anterior.
O vilarejo como coração do jogo
Entre runs, o vilarejo de Shinju serve como hub central e evolui conforme seu progresso. Aqui investi em construções, desbloqueei sistemas de upgrades e interagi com NPCs que ofereciam recompensas e missões secundárias. Essa progressão dá peso às runs, já que sempre há algo a conquistar, mesmo após derrotas.
O destaque fica para o minigame de forja, que exige reflexos e timing para produzir armas mais poderosas. É viciante e recompensador, pois a qualidade do seu desempenho muda a estética e a eficácia da espada criada.
Também há pesca, culinária e até um dojo para aprimorar estatísticas. O vilarejo não é apenas um ponto de descanso: é parte essencial do ciclo roguelike, e reforça o senso de pertencimento àquele mundo.
Mecânica de sacrifício e narrativa profunda
Após cada run bem-sucedida, o jogo exige o sacrifício de um Kagura. Essa mecânica tem peso narrativo e emocional. Os espíritos dos personagens sacrificados ficam registrados no menu principal, lembrando constantemente o custo do progresso.
Esse detalhe dá uma sensação de perda real, mesmo em um jogo de fantasia. Além disso, a narrativa se aprofunda, mostrando o vilarejo evoluindo com o tempo e NPCs envelhecendo de forma orgânica.
É raro encontrar um roguelike que consiga misturar mecânica e narrativa de forma tão íntima. Aqui, perder um aliado não é apenas estatística: é memória que persiste.
Dificuldade e acessibilidade
Towa and the Guardians of the Sacred Tree não é um jogo para iniciantes apressados. A curva de aprendizado é alta, e dominar suas mecânicas exige paciência. O combate é cheio de variáveis: durabilidade da espada, escolha das Graces, builds adequadas, posicionamento e sinergia entre personagens. Cada detalhe conta, e erros custam caro.
O grind é inevitável. Você precisará acumular recursos para melhorar armas, desbloquear magias e reforçar estatísticas. Isso pode afastar quem não aprecia repetição. Pessoalmente, achei recompensador. Cada conquista parece significativa, e a variedade de estratégias torna o grind menos cansativo.
Para quem busca acessibilidade, o modo Story é um respiro. Ele mantém a estrutura, mas reduz gradualmente a dificuldade após repetidas tentativas. É uma forma inteligente de tornar o jogo mais acolhedor sem comprometer a essência.
Jogando no Switch 2, esse equilíbrio entre desafio e acessibilidade ficou ainda mais fluido, com tempos de carregamento rápidos que incentivam a “só mais uma run”.
Trilha sonora e atmosfera
Outro ponto que merece destaque é a trilha sonora composta por Hitoshi Sakimoto, conhecido por trabalhos em Final Fantasy Tactics e Valkyria Chronicles. As músicas dão um tom épico e ao mesmo tempo contemplativo, reforçando a atmosfera mística. Nos momentos mais intensos, a trilha cresce, aumentando a tensão; já nos trechos de exploração ou no vilarejo, ela suaviza, convidando à reflexão.
Esse cuidado estético e sonoro reforça a imersão. Jogando com fones no Switch 2, a experiência foi ainda mais impactante, principalmente em batalhas contra chefes.
Disponibilidade
Towa and the Guardians of the Sacred Tree está disponível para PS5, Xbox Series X e Nintendo Switch, mas minha experiência foi no Switch 2. O jogo roda de forma estável, com bom desempenho mesmo em momentos caóticos.
A direção de arte, já linda, ganha ainda mais impacto no portátil da Nintendo, especialmente em modo dock. A portabilidade é um bônus, permitindo que runs intensas sejam jogadas em qualquer lugar.
Pelo conteúdo oferecido, o preço de lançamento é justo. Este é um roguelike que entrega mais do que parece à primeira vista: narrativa envolvente, estética marcante, mecânicas profundas e uma curva de progressão que recompensa a persistência.
Veredito
Towa and the Guardians of the Sacred Tree é um dos roguelikes mais interessantes que joguei em 2025 (junto com Hellclock, que farei o review em breve). Jogar no Nintendo Switch 2 mostrou não só gráficos belíssimos e desempenho sólido, mas também a profundidade de um sistema de combate que exige dedicação. As mecânicas de vilarejo e sacrifício adicionam camadas emocionais raras no gênero.
Ainda assim, não é um jogo para todos. A dificuldade inicial e a necessidade de grind podem afastar jogadores mais casuais. Mas para quem gosta de experimentar, testar combinações e investir tempo, a recompensa é imensa. É um título que cresce com você e que faz cada vitória parecer conquistada a duras penas.
Um roguelike vibrante, desafiador e emocional, que mistura estética japonesa, narrativa pessoal e combate estratégico. No Switch 2, é simplesmente uma experiência imperdível.