
Qual é o sabor de Vitória para você? É a boa e clássica moqueca capixaba da Ilha das Caieiras, uma mariscada à beira-mar ou aquele torresmo depois do trabalho no Centro? Cada um tem sua preferência, mas a capital capixaba, que completa 474 anos neste 8 de setembro, sabe oferecer uma mesa farta de opções deliciosas.
Só que a gastronomia de Vitória vai além da comida: é feita de histórias. Como a de uma mulher que abriu o primeiro restaurante da Ilha das Caieiras e, anos depois, passou o bastão para outra mulher.
É assim que nasceu e se mantém até hoje a Moquecaria Teresão, gerenciada por Betania Vernersbach há 21 anos. O prato mais famoso da casa? Claro, a moqueca capixaba, feita com tomate, cebola, alho e coentro. Depois vem a torta capixaba, que está no cardápio o ano inteiro.
Todos os pratos são preparados com mariscos frescos, pescados ali mesmo na Ilha das Caieiras. E, segundo Betania, é isso que dá identidade ao Teresão.
Nosso papel é preservar essa cultura: a moqueca, a torta capixaba e os mariscos frescos que vêm direto dos pescadores daqui. É isso que mantém viva a tradição da Ilha.
Betania Vernersbach
Mariscada com vista para a Terceira Ponte
Tradição também é palavra de ordem para Clemar Viegas da Costa, o Bigode, dono do Restaurante do Bigode em Jesus de Nazareth. Lá, o sabor de Vitória ganha cara de mariscada, com camarão VG, lagosta, polvo desfiado e lula, uma receita criada por ele mesmo.
Bigode começou no mar: foi pescador por 25 anos, até que decidiu se dedicar aos filhos. Sem estudo, abriu um bar. E, 35 anos depois, o espaço é ponto de encontro de capixabas, mineiros, ingleses, japoneses e americanos.
No início vendia peixe, alguns tira-gostos, filé com fritas. Até que começaram a pedir: ‘Bigode, faz uma moqueca para a gente’. Fiz uma, depois outra, e não parei mais. Assim o restaurante foi crescendo. Hoje já recebemos artistas e personalidades como Marcos Palmeira, Jota Quest, Marcelo Falcão de O Rappa…
Bigode
“Barrinha de cereal” no Centro
Mas o sabor de Vitória não está só no mar. No Centro, o Kaiana’s Bar ficou famoso por suas “barrinhas de cereal” — ou, para aqueles que não são tão íntimos, o torresmo.
A história começa em 1982, quando o pai de Itamar Broseghini comprou o bar. Há 15 anos, Itamar passou a preparar o petisco, que logo virou o carro-chefe da casa.
Comecei com bandejas pequenas, depois aumentei. Uns três anos atrás veio a propaganda do governador Renato Casagrande, que chamou de ‘Barrinha de Cereal’. Eu já usava esse nome, mas ele falando é outra coisa. Ficou ainda mais popular, graças a Deus.
Itamar Broseghini
Hoje, Itamar frita cerca de 170 kg de toucinho e barriga por semana. A receita tem ritual: primeiro frita na gordura fria, depois deixa descansar por, no mínimo, duas horas, e só então volta ao fogo. Resultado? A capinha crocante que faz fama.
E o cardápio não para no torresmo: tem bolinho de carne pura, pastéis de palmito, bacalhau, camarão, pernil com abacaxi, pernil com jiló, costela, linguiça frita, morcela e até chouriço.
Para Itamar, o sabor de Vitória vai além da comida: “É alegria, amizade, irmandade”. Algo que Bigode concorda: “Vitória não é só um sabor, é minha vida. Amo essa cidade de corpo e alma.”
Veja o vídeo: