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Ameaça em escola de Vitória: especialistas apontam como aulas devem retornar com segurança

De acordo com a Secretaria de Educação de Vitória ainda não há uma data definida para o retorno das aulas na Emef Eber Louzada, em Jardim da Penha, onde um rapaz tentou invadir o local armado de flechas, facas e coquetel molotov

Foto: Reprodução TV Vitória

A assistente administrativa Larissa Maia, mãe do garoto Davi, aluno da escola invadida em Vitória, diz que as crianças precisarão de acompanhamento psicológico para superar o trauma

Após um ex-aluno invadir a Escola Municipal de Ensino Fundamental Eber Louzada Zippinotti, no bairro de Jardim da Penha, em Vitória, na última sexta-feira (19), uma série de questões foi levantada sobre a repercussão na comunidade escolar. Entre elas, como realizar um retorno seguro às atividades tanto para os alunos, quanto para os funcionários da unidade.

Nesta segunda-feira (22), não houve aula na escola. Pais, professores e estudantes se reuniram para falar do que viveram e relataram seus traumas. O clima, no local, ainda era de medo. 

Retomar as atividades pode levar um tempo e para a pequena Maria Eduarda, de 10 anos, não é diferente. “Não conseguia nem ir ao banheiro sozinha. Não consigo ficar sozinha na escola, sinto medo”, relatou.

O aluno Davi Maia, de 10 anos, também estava na sala de aula quando tudo aconteceu. Ele lembra que acontecia uma aula de artes quando apareceu o invasor todo de preto, empunhando arco e flecha. À princípio, as crianças não entenderam o que acontecia.

“Eu lembro do cara chegando e atirando uma flecha na professora. Todo mundo acho que fosse uma brincadeira. Só deram conta de que era muito grave quando um professor chegou e imobilizou ele”, recorda, dizendo que todos ficaram muito assustado. “Foi muito desesperador”, reforça.

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A estudante Gabriela Maia é irmã do garoto e ela foi uma das primeiras pessoas a chegar na escola depois do ataque. Ela também estudou no local e só pensava, naquela sexta-feira, em que condições encontraria Davi.

Foto: Reprodução TV Vitória

Davi e a irmã Gabriela Maia. “Fiquei desesperada e só queria tirar o meu irmão de lá”, relembra a ex-aluna da Emef Eber Louzada 

“Quando cheguei, vi aquelas crianças chorando. Queria era tirar o meu irmão de lá. Foi um verdadeira desespero”, recorda.

Pais pedem acompanhamento psicológico para as crianças

Passado o momento de pânico, a preocupação dos pais é como lidar com o psicológico das crianças para que elas voltem a estudar. “O psicológico deles e o nosso foram muito alterados. Resta saber como vamos conseguir tratar isso para seguir em frente”, questiona a assistente administrativa Larissa Maia, mãe do garoto Davi. 

A enfermeira Fabrícia Moraes, mãe da garota Maria Eduarda, diz que o tratamento e acompanhamento psicológico serão fundamentais para professores, alunos e funcionários da Eber Louzada. “Eles não estão bem porque há muitos alunos que passaram a ter muito medo e não querem voltar para a escola”, descreve.

>> Pais, alunos e funcionários fazem momento de oração em frente à escola invadida, em Vitória

No último domingo (21), pais, alunos e funcionários organizaram um encontro simbólico em frente ao prédio da escola. Eles fizeam uma oração. 

O conselho de classe foi adiantado para esta segunda-feira (22) e não houve aula. No local, os pais também foram recebidos pela direção da escola que informou ainda não ter prazo para o retorno das aulas.

Escola receberá “botão do pânico”

A segurança na escola foi reforçada e contou com a presença de viaturas da Polícia Militar e da Guarda Municipal. Também nesta segunda-feira, o comandante da Guarda Civil Municipal, Thiago Reis, disse que será implantado um “botão do pânico” na unidade de ensino.

Foto: Reprodução TV Vitória

Segundo o comandante, por enquanto o botão do pânico será implantado em fase de teste. O formato é o mesmo que já atende mulheres vítimas de violência doméstica, dentro da Lei Maria da Penha.

De acordo com a secretária de Educação de Vitória, Juliana Rohsner, a prioridade é o cuidado emocional dos alunos.

“Trouxemos medidas de segurança mas também medidas psicológicas com apoio das equipes de Saúde. Uma verdadeira rede para cuidar desses profissionais que vão cuidar desses estudantes”,  explica.

A psicóloga e analista do comportamento humano Aline Hessel acredita que outras frentes do poder público devem ser acionadas nesses casos.

Foto: Reprodução TV Vitória

Psicóloga Aline Hessel defende que as atividades escolares sejam retomadas o quanto antes para minimizar efeitos do trauma da invasão

“O ideia seria uma parceria entre as secretarias de Educação, Saúde e de Segurança. Quando a gente pensa em trabalhar com diferentes queixas, quanto o maior o número de pessoas diferentes e diversas é que vai poder contribuir com uma melhora e uma retomada mais rápida daquele ambiente e daquelas pessoas”, descreve.

Ela defende que as aulas devem retornar o quanto antes.

“O quanto antes a gente vivencia novas experiências num ambiente que teve uma  experiência ruim, agora repleto de experiências positivas, isso pode contribuir muito para essa retomada. Então, essa escola agora pode proporcionar ali um ambiente que fuja um pouco da rotina mas que possa trazer experiências prazerosas como um encontro da comunidade ou alguma festa”, sugere.

Responsável pelo atentado é ex-aluno da escola

Henrique Lira Trad, de 18 anos, é ex-aluno da escola que invadiu na última sexta-feira (19). Na ocasião, ele carregava uma mochila com arco e flechas, coquetel molotov e outros armamentos.

Em depoimento, o rapaz disse à polícia que tinha a intenção de matar sete pessoas. Henrique foi detido e encaminhado para um hospital psiquiátrico, e em seguida, para o presídio.

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Ele vai responder por tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, com impossibilidade de defesa da vítima e cometido contra menores de 14 anos.

A Secretaria de Educação de Vitória informou que, nesta segunda-feira, começou o trabalho de acolhimento e práticas restaurativas com os profissionais. Ainda não há uma data definida para o retorno das aulas.

A prefeitura informou também que a Secretaria de Saúde da Capital está elaborando um plano de atendimento multidisciplinar para atender a comunidade escolar. Até o momento, o jornalismo da TV Vitória/Record TV não conseguiu contato com a defesa do suspeito.

* Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/RecordTV.