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Após destruição de casas durante chuva, MP pede condenação de secretário de Doria

Após destruição de casas durante chuva, MP pede condenação de secretário de Doria Após destruição de casas durante chuva, MP pede condenação de secretário de Doria Após destruição de casas durante chuva, MP pede condenação de secretário de Doria Após destruição de casas durante chuva, MP pede condenação de secretário de Doria

O Ministério Público Estadual de São Paulo ajuizou nesta segunda-feira, 26, uma ação civil pública pedindo a condenação por improbidade administrativa do secretário municipal de Habitação, Fernando Chucre, e do prefeito regional da Lapa, Carlos Eduardo Fernandes. A denúncia fala que, apesar de alertas feitos por promotores sobre a situação de uma ocupação irregular nas margens do Córrego da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, nada foi feito pela gestão.

A forte chuva que atingiu a cidade na terça-feira passada, dia 20, fez o córrego transbordar e um bebê de 1 ano e oito meses morreu; 88 casas foram destruídas.

Os promotores de Justiça Camila Mansour Magalhães da Silveira, Roberto Luís de Oliveira Pimentel e Marcus Vinicius Monteiro dos Santos, que assinam a petição inicial, acreditam que o estrago nas residências e a morte da criança “decorreram de omissão por parte de Chucre e Fernandes”, segundo nota do MP.

A instituição disse que em maio de 2017 ofícios foram enviados à Prefeitura Regional da Lapa e à Secretaria Municipal de Habitação para que a ocupação irregular fosse sanada e para que as famílias recebessem, de forma individualizada, o atendimento habitacional necessário, ainda que provisório.

Os promotores disseram que nenhuma ação concreta foi adotada pelo poder público. Um parecer técnico constatou o grau de risco ao qual as famílias estavam expostas. “Constatou-se a ocupação irregular em área de significativa fragilidade geoambiental, por moradias precárias, em sua maioria de madeira, estruturadas sobre pontaletes e caibros, sem fundações e com fechamento de tábuas e chapas de madeira compensada, cobertas por telhas de fibrocimento”, escreveram os promotores na denúncia.

“Confirmou-se que o risco de acidentes é elevado também porque parte das construções está sendo utilizada como estacionamentos de automóveis ou depósito de materiais para reciclagem, o que acarreta carga excessiva sobre os alicerces vulneráveis e instáveis, além da ilegalidade por ocuparem vias, córregos e passeios públicos”, completaram.

O documento já chamava atenção para os riscos que a chegada da estação chuvosa representaria, “com grande probabilidade de transbordamentos, inundações e desencadeamentos de processos de solapamentos das margens do Córrego, onde a maioria das ocupações estão ancoradas, podendo gerar o desabamento”.

“A omissão dos corréus – tanto em não ter adotado as providências cabíveis para evitar a ocupação em área de risco, quanto, em momento posterior, não ter retirado os ocupantes da área de risco -, lamentavelmente, concorreu para a tragédia ocorrida na última terça-feira”, disseram os promotores.

À Justiça, o MP pediu que Chucre e Fernandes sejam condenados de acordo com a Lei de Improbidade Administrativa, que estabelece a quem retarda ou deixa de praticar, indevidamente, ato de ofício a pena de perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e proibição de contratar com o poder público pelo prazo de três anos.

Em nota, a Prefeitura Regional Lapa e a Secretaria Municipal de Habitação disseram não ter sido notificadas sobre a ação civil pública. “Esclarecem desde já que os moradores das ocupações irregulares foram notificados em janeiro e fevereiro deste ano sobre o risco da permanência no local. Os equipamentos socioassistenciais da Prefeitura estiveram disponíveis de modo emergencial para posterior atendimento habitacional. O prefeito regional e o secretário de habitação estão à disposição para esclarecimentos.”

Chuva

O temporal da última terça deixou três pessoas mortas. Uma delas foi a bebê Sophia Gomes na Água Branca. Segundo afirmaram os moradores na semana passada, o desastre começou após uma ponte de madeira, construída pela comunidade, arrebentar e ser arrastada pela força das águas. “A ponte saiu arrastando os barracos que ficam no córrego”, disse uma moradora.

Segundo policiais, o bebê estava com a avó na hora do desabamento. As duas foram socorridas, mas a menina não resistiu. No bairro do Limão, zona norte da cidade, Vitoriana Leão, de 85 anos, morreu depois que a casa da família foi atingida pela enxurrada. Outras duas pessoas ficaram levemente feridas. E no Alto de Pinheiros, na zona oeste, o segurança Gerson Xavier Santana, de 43 anos, foi atingido por uma árvore que caiu no interior de uma residência.

A forte chuva causou desabamentos, quedas de árvores e a interdição de ruas e avenidas. Toda a cidade de São Paulo entrou em atenção para alagamentos.