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Após polêmica, ministério publica nova versão de cartilha para população trans

A medida foi classificada na época como uma espécie de retrocesso na política de prevenção do governo

Após polêmica, ministério publica nova versão de cartilha para população trans Após polêmica, ministério publica nova versão de cartilha para população trans Após polêmica, ministério publica nova versão de cartilha para população trans Após polêmica, ministério publica nova versão de cartilha para população trans
Foto: Divulgação

Depois de ser retirada do ar em meio a polêmica, a cartilha de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis do Ministério da Saúde voltada para o população trans está novamente disponível, mas com alterações. A primeira edição da cartilha foi removida do site no dia 2 de janeiro, seis meses depois de ser lançada. A decisão, porém, provocou uma série de críticas de entidades ligadas à prevenção de infecções sexualmente transmissíveis.

A medida foi classificada na época como uma espécie de retrocesso na política de prevenção do governo. Poucos dias depois da suspensão no site, a então diretora do Departamento de Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, foi exonerada do cargo.

Na nova versão, foi removida a ilustração do pump – uma espécie de seringa invertida que é colocada no clitóris para tentar aumentar a região. Na cartilha que agora está disponível, o esquema foi substituído pela descrição da prática e um alerta sobre riscos de lesões e de infecções, além de mensagens de que não há estudos que comprovem a eficácia e a segurança do método.

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta afirmou na época que a pasta jamais poderia recomendar o uso do pump, por causa dos riscos de infecções e traumas na região.

Na nova versão, também foi retirada a ilustração de como fazer sexo oral com barreira de proteção. No documento original, um esquema mostrava como cortar o preservativo e colocá-lo na boca para evitar o contato com fluidos do parceiro. Na justificativa para a retirada, o Ministério da Saúde afirma que, embora a prática seja comum, não há regras que permitam o Ministério da Saúde indicar o uso alternativo dos preservativo.

Além da cartilha revisada, foi divulgado um texto com esclarecimentos sobre as mudanças realizadas. O comunicado informa que foram identificadas informações “equivocadas e sem embasamento científico, além de imprecisões técnicas, editoriais”.

A primeira versão da cartilha também foi impressa e distribuída a serviços dirigidos à população trans em todo o País. A tiragem foi de 23,5 mil exemplares. O material começou a ser entregue em novembro. De acordo com o Ministério da Saúde, os manuais não foram recolhidos. Um comunicado foi encaminhado para os serviços locais, alertando os erros identificados. Não há previsão de que a versão atualizada seja novamente impressa para distribuição.

Além do uso do pump, na nova edição da cartilha agora disponível no site foi incluída informação sobre higienização e prevenção de infecções sexualmente transmissíveis quando são usadas próteses penianas, chamados de packers.

Também foram revisados e ampliados itens do quadro sobre formas de transmissão das infecções, informações sobre hepatite D e o esquema de vacinação para hepatites A e B. Foi corrigida ainda a faixa etária recomendada para esquema de vacinação para hepatites A e B.