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Ativistas do Estelita acampam na prefeitura do Recife

Ativistas do Estelita acampam na prefeitura do Recife Ativistas do Estelita acampam na prefeitura do Recife Ativistas do Estelita acampam na prefeitura do Recife Ativistas do Estelita acampam na prefeitura do Recife

Recife – Depois de 40 dias acampados no Cais José Estelita, o movimento #OcupeEstelita estendeu a ocupação na manhã desta segunda-feira, 30, à sede da prefeitura do Recife. Seis barracas foram armadas em uma das três entradas do prédio, com a participação de cerca de 50 ativistas. A disposição é de se manter no local por tempo indeterminado, até que o prefeito Geraldo Júlio (PSB) garanta o cancelamento do protocolo inicial do Projeto Novo Recife, que prevê a construção de 12 torres de até 40 andares em uma área nobre e histórica da cidade, às margens da bacia do Pina, no bairro de São José.

“Só desocupamos com a garantia que o Projeto não sai mais”, afirmou Leonardo Cysneiros, um dos integrantes do movimento, ao observar que a “trégua” dada ao prefeito foi encerrada. Na avaliação do movimento, Geraldo Júlio não tem sido um mediador confiável das negociações entre os ativistas e o consórcio de construtoras responsável pelo projeto.

Na manhã desta segunda-feira, representantes de entidades da sociedade civil – Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), universidades Federal (UFPE) e Católica de Pernambuco (Unicap) – foram convidadas para uma reunião sem a presença do #Ocupe. Para eles, o movimento deveria estar presente.

A prefeitura tentou negociar a integração no encontro sob a condição de desocupação do local. A proposta não foi aceita. Na tarde deste segunda, os manifestantes aguardam decisão se eles serão recebidos pelo prefeito mesmo permanecendo na área. Para Cysneiros, o movimento aceita que o prefeito se mantenha na mediação desde que tenha o Ministério Público como fiador.

Alvo de questionamento judicial, o projeto Novo Recife significa um investimento de R$ 800 milhões e é, na avaliação do movimento, referência de projeto excludente e elitista. Além das torres, o projeto prevê estacionamento para cinco mil veículos e muro de cinco metros de altura, numa área de 101 mil metros quadrados.

Composto por Moura Dubeux, Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos e GL Empreendimentos, o consórcio adquiriu o terreno, que estava abandonado e pertencia ao espólio da Rede Ferroviária Federal, em um leilão realizado em 2008, por R$ 55 milhões.

O projeto é questionado pelo Ministério Público Federal, pelo Ministério Público do Estado de Pernambuco (MPPE) e também por ações populares, em vários níveis: da validade do leilão à ausência de Estudo de Impacto Veicular (EIV); no estudo de impacto ambiental e falta de licenças do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O apoio ao #OcupeEstelita se estende, via redes sociais, nos âmbitos nacional e internacional, por ser entendido como uma semente de um movimento maior pela construção de cidades voltadas para seus moradores e não submetida aos interesses de construtoras e empreiteiras.

Acampados na área do projeto desde a noite do dia 21 de maio, os ativistas foram expulsos, em uma ação de reintegração de posse, com uso da violência, na manhã do último dia 17. Desde então, mantêm-se acampados no entorno do terreno.