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Aumenta número de inscritos com déficit auditivo no Enem

Aumenta número de inscritos com déficit auditivo no Enem Aumenta número de inscritos com déficit auditivo no Enem Aumenta número de inscritos com déficit auditivo no Enem Aumenta número de inscritos com déficit auditivo no Enem

São Paulo – O número de estudantes surdos ou com deficiência auditiva parcial que farão o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) triplicou nos últimos quatro anos. Em 2014, foram 8.799 inscritos, ante 2.850 que haviam declarado ter a deficiência em 2010. Do ano passado – quando 4.660 se inscreveram – para cá, o aumento foi de 88,8%.

Para atender à demanda, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela prova, reduziu o número de alunos com surdez por sala. No ano passado, eles participaram da avaliação em um ambiente separado, divididos em grupos de oito estudantes; agora, haverá apenas seis. Os alunos continuarão sendo acompanhados por dois intérpretes, que podem ajudar, e terão uma hora a mais para realizar a prova.

Todos os tradutores devem ter certificação em Língua Brasileira de Sinais (Libras). De acordo com o Inep, eles passam por um processo de capacitação presencial sobre os procedimentos da aplicação do Enem. Neste ano, foram solicitados 4.775 apoiadores – 3.332 para Libras e 1.443 para leitura labial.

Curso

As adaptações são realizadas para atender à dificuldade que muitos têm na compreensão de algumas expressões e interpretações do enunciado dos exercícios. Pensando no obstáculo, um intérprete em Libras da rede estadual de São Paulo decidiu criar, neste ano, um projeto-piloto de cursinho pré-vestibular feito totalmente na linguagem dos surdos.

“É um modelo de prova que eles não compreendem, fora o conteúdo que precisa ser adaptado”, explicou Rafael Silva, que oferece a aula gratuitamente desde agosto. O curso é dado aos sábados na Escola Estadual Dom João Marina Ogno, como parte do programa Escola da Família, e tem duração de quatro horas. A equipe tem seis professores, todos sabem Libras. “O diferencial é que não precisa de tradução do português. Já é feito na linguagem deles.”

Silva, que tem uma empresa que capacita docentes em Libras, diz que falta preparação do aluno para encarar o vestibular. “Sempre vejo essa dificuldade nos alunos, que chegam ao processo sem entender bem como ele é.” A maior dificuldade, segundo ele, é com exercícios da Língua Portuguesa.

Além das disciplinas regulares, como Matemática e Física, o curso tem aula que ensina a análise de gráficos e tabelas. “O surdo, por natureza, é visual.

Apresentamos vídeos, infográficos. Só lousa e giz não são muito funcionais neste caso.” Hoje, as aulas têm 12 alunos; todos farão o Enem pela primeira vez. A ideia do professor é que haja segunda edição do curso em 2015, que deverá começar em maio.

A estudante Katiele Ferreira, de 18 anos, está no 2º ano do ensino médio e fará o Enem como treineira. Com auxílio do intérprete, ela contou que tem estudado quatro horas por dia. “Principalmente Biologia, Português e Física.” Katiele quis fazer o cursinho para se preparar melhor e até participou de simulado na última semana. “A maior dificuldade é com o significado das palavras. Também falta tempo para tirar dúvidas.”

Para compensar a dificuldade, a jovem tem focado os estudos em Português. “Vejo todas as regras gramaticais e, quando não entendo, paro e vou atrás.” O sonho dela é trabalhar com recursos humanos. “O cursinho tem sido essencial. Há muitas coisas que a gente não aprende nem acompanha na escola.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.