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Balanço do Fies indica desaceleração brusca em ritmo de desembolso

Balanço do Fies indica desaceleração brusca em ritmo de desembolso Balanço do Fies indica desaceleração brusca em ritmo de desembolso Balanço do Fies indica desaceleração brusca em ritmo de desembolso Balanço do Fies indica desaceleração brusca em ritmo de desembolso

São Paulo – O ritmo de crescimento acelerado do desembolso do governo com financiamento estudantil foi freado bruscamente este ano, conforme confirmam os números do balanço do Fies apresentados nesta segunda-feira, 4, pelo ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro. Desde 2010, os gastos do governo com o programa chegaram a mais que dobrar de um ano para outro, mas agora esse crescimento será de 9%.

De acordo com o ministro, na edição do Fies encerrada na última semana foram disponibilizados R$ 2,5 bilhões para novas inscrições. O total para 2015, incluindo contratos já vigentes, é de R$ 15 bilhões. Esses números não levam em conta o segundo semestre de 2015, para o qual o ministro diz que a oferta de novas vagas dependerá do orçamento da União.

Os R$ 15 bilhões a serem gastos em 2015 representam crescimento de 9% ante 2014, quando as despesas com o Fies somaram R$ 13,75 bilhões, de acordo com os números do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Este ano, porém, marca a interrupção de um ritmo de crescimento elevado. Em 2013, ano em que menos havia crescido até agora, o desembolso com o Fies subiu 68%.

Os dados divulgados pelo Ministério mostram ainda um encolhimento no atendimento da demanda de novos alunos procurando financiamento. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Educação (MEC), Luiz Cláudio Costa, cerca 500 mil pessoas tentaram conseguir o Fies, mas o governo só vai financiar em torno de metade delas, um total de 252 mil.

Até o ano passado, o governo vinha atendendo a demanda completamente. Costa mencionou que foram 480 mil pedidos de financiamento no primeiro semestre de 2014, o exato número de contratos que foram de fato firmados no período.

Financiamento privado

O balanço sinaliza uma mudança no ambiente vivido até aqui pelas companhias de ensino privado. Os cerca de 250 mil alunos que tentaram o Fies e ficaram de fora são potenciais demandantes de financiamento privado, um produto que ainda é pouco ofertado e vem sendo desenvolvido este ano pelas companhias diante do novo momento do Fies.

A diretora executiva da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes), Elizabeth Guedes, afirma que o setor privado trabalha para criar uma proposta robusta de financiamento privado a que todas as empresas poderiam aderir. Há um estudo em andamento, segundo ela, para que uma proposta possa ser apresentada em até dois meses. As conversas envolvem instituições financeiras e até mesmo o próprio MEC, diz.

A iniciativa, segundo a Abraes, tenta minimizar as inseguranças para as empresas. “O governo está fazendo as mudanças no programa dele e nós temos que ter o nosso”, comentou. O setor segue com uma série de processos judiciais contra as portarias que mudaram o Fies nos últimos dias de 2014.

Durante coletiva de imprensa, o ministro da Educação ressaltou ainda que o crescimento de gastos com o Fies não deve ser uma constante, já que o sistema passará a se “autoalimentar” no futuro. Embora conte com taxas de juros abaixo da inflação (de 3,4% ao ano), o programa não oferece bolsas, mas financiamento e, portanto, os valores são pagos posteriormente pelos alunos. “Há o aporte da União de dinheiro novo para ampliar o Fies, mas no futuro haverá uma receita importante de financiamentos sendo amortizados”, lembrou Janine Ribeiro. “Isso não é para amanhã, mas vai ocorrer em algum momento e o programa poderá continuar sem aporte do Tesouro”, diz.

Na última quinta, a Justiça Federal de Mato Grosso determinou que a União e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação prorroguem o prazo de inscrição para novos contratos do Fies. O ministro da educação disse que o MEC não foi notificado da decisão e que vai recorrer.