Geral

Cantando pela vaga no 'Olimpo' do karaokê

Cantando pela vaga no ‘Olimpo’ do karaokê Cantando pela vaga no ‘Olimpo’ do karaokê Cantando pela vaga no ‘Olimpo’ do karaokê Cantando pela vaga no ‘Olimpo’ do karaokê

Quem nunca subiu em um palco sob os aplausos e a algazarra etílica dos amigos? Quem nunca fechou os olhos para se concentrar ou sentir a canção tomar conta da própria alma? Quem nunca cantou Evidências com o coração saindo pelo gogó e o amor próprio se esvaindo pelo suor? “Diz que é verdade, que tem saudade/ Que ainda você pensa muito em mim/ Diz que é verdade, que tem saudade/ Que ainda você quer viver pra mim…”

A diferença é que algumas pessoas estão se entregando às delícias do karaokê de uma forma séria, sem fanfarronices, e com um objetivo claro: ganhar o Campeonato Mundial da categoria, o Karaoke World Championships (KWC). A final da etapa nacional acontece hoje, 15, na praça de alimentação do Shopping Boulevard Tatuapé, às 16 horas. Os dois primeiros colocados vão representar o Brasil na grande final – que este ano acontece entre os dias 27 e 29 de novembro, no Japão.

Os 41 finalistas brasileiros passaram por etapas regionais. Entre as músicas mais cantadas estão Shallow (versão original, com a Lady Gaga), Como Nossos Pais (música de Belchior, eternizada por Elis Regina), várias do repertório da banda Queen (provavelmente na onda do sucesso recente do filme sobre a história do grupo) e, claro, a já citada – e sempre entoada – Evidências (clássico de Chitãozinho e Xororó). O vencedor da final ganha uma agenda internacional de apresentações por um ano e uma quantia de dinheiro não divulgada.

“Os candidatos serão avaliados pela voz, técnica, presença de palco e talento artístico (que pode ser traduzido como performance/simpatia)”, enumera a produtora do KWC, Izabel Nori, de 25 anos. Apesar da tradição e de um grande número de candidatos descendentes de japoneses, a competição foi criada pelos finlandeses. O Brasil participa da KWC desde 2015. Nossa melhor colocação foi em 2016 com Bruna Higashi, que pegou um 3.° lugar na categoria feminina – hoje não há mais divisões entre homens e mulheres.

Candidatos

As últimas semanas foram intensas para os competidores. A maioria usa o tempo livre para ensaiar em casa ou mesmo visitando karaokês em horários estratégicos para não enfrentarem a concorrência dos que estão lá apenas para curtir a happy hour. Esse é o caso de Victor Hugo, de 26 anos, que chega às 19 horas no karaokê Samurai, um dos mais tradicionais do bairro Liberdade, no centro, para não enfrentar a concorrência dos curiosos.

Hugo trabalha com comércio exterior, mais especificamente com exportações para a China. Ele costuma brincar dizendo que “negocia venda de titânio com a China durante o dia e à noite coloca a sua alma em canções nos karaokês”. Para a final nacional, Hugo vai interpretar Grace Kelly (Mika) e Killing me softly (sucesso com Roberta Flack). “Acho que para a competição você precisa apresentar algo que saia do convencional, que mostre algo diferente.”

Vida musical

Já a cabeleireira Cristina de Souza Barbosa, de 48 anos, não deixa de ensaiar mesmo durante o expediente. “Algumas clientes e colegas de trabalho pedem para eu cantar um pouco”, disse. Para Cristina, a música “é um estado de espírito”. “É algo que eu faço todas as semanas com os amigos, algo que me dá muita alegria. Para mim, música é vida.”

Além de cantar em casa, Cris vai toda semana ao Marlon Karaokê, na zona leste. Entre as canções escolhidas por ela está I Wanna Love Forever, interpretada por Jessica Simpson. “Quero muito conhecer o Japão. Por isso, escolhi música difícil. É para tentar ganhar mesmo.”

Como se vê, a competição é para amadores. Mas André Takaeda, de 33 anos, disse já ter passado perto do profissionalismo, quando na infância participou de um grupo musical. Apesar de nutrir o sonho de cantar para multidões, a responsabilidade fez com que ele se dedicasse a sua pastelaria. “O Japão está para o karaokê assim como o queijo está para a goiabada. Canto desde pequeno como forma de relaxamento”, conta Takaeda.

Uma das músicas que será defendida por Takaeda é um sucesso romântico latino na voz de Alejandro Sans, Y Si Fuera Ella. “Cantar é como qualquer outra atividade. Tem de praticar muito. Quando vou ao karaokê, tento me divertir como todo mundo e não pensar muito na técnica”, disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.