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Casamento coletivo igualitário reúne 22 casais em SP

Casamento coletivo igualitário reúne 22 casais em SP Casamento coletivo igualitário reúne 22 casais em SP Casamento coletivo igualitário reúne 22 casais em SP Casamento coletivo igualitário reúne 22 casais em SP

São Paulo – Olhos nos olhos. Uma mão sustentava o microfone enquanto a outra segurava firme a pessoa amada. Para alguns, faltou ar; para outros, sobraram lágrimas. Um a um, 22 casais repetiram o gesto na manhã de domingo, 26, no Club Homs, na Avenida Paulista, durante o Casamento Coletivo Igualitário, primeiro evento do tipo realizado pela Prefeitura de São Paulo.

A cerimônia teve beijos, abraços e declarações de “eu te amo”, como a do professor de Matemática Gilson de Araújo, de 54 anos, que começou os votos com “Robson, meu melhor amigo”, referindo-se à relação surgida há dez anos na internet. “Tinha segundas, terceiras, quartas e quintas intenções, mas demorou para conquistá-lo”, brinca.

A aproximação ocorreu em 2010, quando o metalúrgico Robson Bezerra da Silva, de 35 anos, resolveu trocar Pernambuco por São Paulo para curar uma desilusão amorosa. Ele se hospedou na casa de Araújo e nunca mais saiu.

Para a confeiteira Carla Francine, de 28 anos, o momento foi ao mesmo tempo “terrível” e “a melhor sensação”. Ela conheceu a também confeiteira Tatiani Stolf, de 24, há um ano, em um grupo no Facebook sobre feminismo negro. O primeiro encontro foi em um samba e os demais seguiram musicais, desde o pedido de casamento (em um show de Liniker, ao som de Tua) até a despedida de solteiro (na festa Sarrada no Brejo). “A gente não se desgrudou desde que se conheceu”, diz Carla.

Para elas, a superstição de não ver a noiva antes do casamento foi ignorada: não só compraram juntas as roupas e os sapatos (dourados, combinando), como Carla fez a maquiagem da esposa. Da casa onde moram, cada uma saiu com um buquê de flores na mão.

Simbolismo

A cerimônia também foi encarada como um manifesto por reunir apenas noivos gays, lésbicas, bissexuais e transgênero. “É uma forma de quebrar tabus. A gente está mostrando que se ama e que não tem nada de errado nisso”, comenta a bartender Joyce Seccoe, de 35 anos, que se casou com o auxiliar de produção Cris Duarte, de 29, que é trans.

Como o determinado, o casal levou oito convidados para a cerimônia, dentre amigos e familiares. “Nem todo mundo aceita, por isso acho que a maioria (dos convidados) acaba sendo de amigos mesmo”, aponta Joyce.

Para o recepcionista Bruno Rodrigues, de 28 anos, casado com o ajudante-geral Lucas Elizeu, de 23, o evento foi a realização de um sonho atrasado pelos gastos de terem se mudado há dois meses. “Estava certo disso, até porque não casei pensando em me separar, me casei pensando que é para a vida inteira”, disse.