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Ciclovia sobre Rio Paraíba causa polêmica em São José dos Campos

Ciclovia sobre Rio Paraíba causa polêmica em São José dos Campos Ciclovia sobre Rio Paraíba causa polêmica em São José dos Campos Ciclovia sobre Rio Paraíba causa polêmica em São José dos Campos Ciclovia sobre Rio Paraíba causa polêmica em São José dos Campos

Sorocaba – A construção de uma ciclovia com faixa de pedestres sobre o Rio Paraíba do Sul causa polêmica em São José dos Campos, interior de São Paulo. A estrutura de aço com 104 metros de extensão, 65 deles sobre a calha do rio, e 3,5 m de altura, pesando 184 toneladas, foi erguida ao lado da ponte de acesso ao bairro Urbanova, na zona oeste da cidade, e deve ser inaugurada em novembro deste ano. Moradores dizem que a obra, a um custo de R$ 2,68 milhões, foi mal dimensionada e pode dar problemas como o da ciclovia que desabou no Rio de Janeiro, em abril deste ano, causando a morte de duas pessoas.

Para o ambientalista André Luis Miragaia Mendes, ex-secretário do Meio Ambiente do município, a estrutura de aço está muito próxima da lâmina de água e, quando o nível do rio subir, pode funcionar com um dique, retendo lixo, troncos e plantas aquáticas. “Não foi levado em conta que estamos passando por mudanças climáticas e que as enchentes no rio podem se tornar mais frequentes”, disse. O material retido na estrutura pode pôr em risco a ciclovia que, por sua vez, pode comprometer a ponte.

Outro problema apontado por Mendes é que a obra da ciclovia criou uma barreira para o uso do rio como hidrovia. “O Paraíba é um rio navegável, mas a estrutura compromete o tráfego de embarcações.” Ele conta que a obra deveria ser submetida aos órgãos gestores dos recursos hídricos do Estado e da União, já que o Paraíba é um rio federal, mas isso não foi feito.

Em nota, a Secretaria de Obras do município informou que a passarela é “uma obra estruturante” para a região oeste, ampliando a segurança na travessia de pedestres e ciclistas sobre o Rio Paraíba, no bairro Urbanova. “Os serviços estão sendo executados respeitando as legislações urbanísticas e ambientais com a devida autorização da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo). O Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental licenciando o início das obras foi expedido em junho de 2016. O licenciamento por parte de outros órgãos ambientais não foi exigido pela Cetesb”, informa a nota.

Ainda segundo a Secretaria, o trecho em que a passarela está sendo instalada não possui registro de enchentes. “A estrutura metálica é apoiada exclusivamente nas margens, sem interferência no leito. Além disso, a estrutura é vazada, não impedindo o fluxo da água, mesmo em caso de elevação anormal do nível do rio.” Sobre o entrave à navegação, a Secretaria informou que estudos técnicos da Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap) apontam que o rio não apresenta boas condições de navegabilidade. “O potencial da bacia é prioritariamente utilizado para a geração de energia elétrica, abastecimento público, uso industrial e irrigação”, diz a nota.