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Com ajustes nas taxas de Fundo Clima, governo busca equivalência para evitar custo fiscal

Com ajustes nas taxas de Fundo Clima, governo busca equivalência para evitar custo fiscal Com ajustes nas taxas de Fundo Clima, governo busca equivalência para evitar custo fiscal Com ajustes nas taxas de Fundo Clima, governo busca equivalência para evitar custo fiscal Com ajustes nas taxas de Fundo Clima, governo busca equivalência para evitar custo fiscal

A atualização das taxas de retorno do Fundo Clima, aprovadas nesta quinta-feira, 24, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), foi adotada para viabilizar que cerca de R$ 10 bilhões do valor que será levantado pelos títulos soberanos sustentáveis possa irrigar o fundo, administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Era necessário haver uma equivalência entre as taxas usualmente aplicadas pelo Tesouro para que a destinação dos recursos ao Fundo Clima não tivesse custo fiscal para a União, explicou o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron.

“Consegue prover crédito de forma competitiva para agentes domésticos sem ter o risco fiscal decorrente. Por isso tem essa transferência, para ter um balanço de taxa”, explicou à imprensa. Pela resolução do CMN, que entrará em vigor a partir de 1º de setembro, as taxas de retorno dos empréstimos para o Fundo passam a variar entre 6,15% e a máxima de 8%. Antes, esse valor ficava entre 0,1% a 3%. O nível mínimo de 6,15% tem como referência justamente a taxa de juros fixa da última emissão soberana brasileira.

Com essa equivalência, é como se a remuneração paga pelo agente privado que captou no Fundo Clima liquidasse o custo da emissão pelo Tesouro. “É nesse sentido. Não há uma ponte direta, mas é uma equivalência para não ter custo fiscal”, explicou Ceron. “Mais para frente, conforme for atualizando as emissões, podemos fazer esse ajuste de taxa. A última referência que temos foi essa emissão de 6,15% (…) A princípio eu diria que as primeiras operações devem caminhar nessa taxa de no mínimo 6,15% até 8%”, disse o secretário.

O normativo cita taxa de 6,15% para projetos de desenvolvimento urbano resiliente e sustentável; indústria verde; logística de transporte, transporte público e mobilidade verdes; e serviços e inovação verdes. Já os 8% são relacionados a ações de transição energética, voltados à geração de energia solar, eólica, de novas fontes renováveis e sistemas isolados com renováveis. O valor baixa para 6,15% se for destinado a geração de energia de biomassa e resíduos; armazenamento de energia, eficiência energética e modernização de redes; e desenvolvimento das cadeias produtivas.

Já para projetos em áreas que possuem menor demanda por recursos e menor atratividade, as taxas poderão ser de no mínimo 1%, como por exemplo os destinados a florestas nativas e recursos hídricos, cuja expectativa é que consumam até 8% dos recursos disponíveis no Fundo do Clima, informou a Fazenda.

A resolução validada hoje pelo CMN também reduz de 4,5% para 3,5% o spread dos agentes financeiros nas operações diretas com o BNDES, e de 3% para 2,5% o spread nas operações indiretas, com outras instituições financeiras autorizadas. Já sobre o reembolso, o texto define prazos de 12 anos a 25 anos, a depender do setor atendido.

Também nesta quinta, o Comitê de Finanças Sustentáveis Soberanas aprovou o texto do arcabouço dos títulos sustentáveis, acatando apontamentos feitos pela por uma opinião externa – “Second Party Opinion Provider”. Após o aval do comitê hoje, o documento segue uma última vez para a auditoria externa dar a palavra final.

Ceron espera que esse processo seja concluído até a próxima sexta-feira, 1º. Na semana seguinte, portanto, o documento seria publicado, de forma antecedente aos roadshows. “E na semana de 11 de setembro, inicia o processo de diálogo para preparação da emissão. O que, de novo, não significa necessariamente que será em setembro, outubro. É só deixar pronto para emissão e esperar o momento certo”, afirmou.