Geral

Com aval do Iphan, prefeitura do Rio quebra pavimento de 200 anos

Com aval do Iphan, prefeitura do Rio quebra pavimento de 200 anos Com aval do Iphan, prefeitura do Rio quebra pavimento de 200 anos Com aval do Iphan, prefeitura do Rio quebra pavimento de 200 anos Com aval do Iphan, prefeitura do Rio quebra pavimento de 200 anos

Rio – Com autorização do principal órgão de patrimônio do País, a prefeitura do Rio destruiu 200 metros lineares do bicentenário calçamento pé de moleque, descobertos em agosto durante as escavações para a implementação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) na Rua da Constituição, no centro. Tratores e máquinas pesadas devastaram o piso no fim de semana, o que revoltou historiadores.

Especialistas e preservacionistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) denunciaram a ação. “Em alguns trechos dava para perceber os pisos sobrepostos dos dois séculos. Em uma pequena parte era possível ver até o resto do trilho do bonde. Agora, tudo está coberto por terra”, lamentou o historiador Marcus Alves, do Arquivo Nacional.

O slogan da prefeitura para as obras em regiões históricas do centro é: “Ao mesmo tempo em que o Rio se moderniza, a cidade redescobre o passado”. O pé de moleque é formado por pedras arredondadas, de tamanhos variados e alinhadas de maneira desigual, como acontece, por exemplo, no centro histórico de Paraty (RJ).

Aval

Dos 200 metros expostos, apenas 15 metros quadrados foram mantidos. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) autorizou a retirada do calçamento, tradicional nas pioneiras cidades brasileiras a partir dos anos 1700. Em nota, o Iphan credita a autorização à “impossibilidade de permanência do calçamento por completo”. De acordo com o órgão, as pedras usadas para o calçamento apresentam grandes dimensões, até em profundidade, o que torna “inviável a remoção de trechos por inteiro, causando a desintegração do piso em sua forma original”.

Ainda conforme as explicações do Iphan, “15 metros quadrados do piso serão modelados, mapeados, desmontados e remontados em um vão central do VLT, em 10 metros lineares de via, na própria Rua da Constituição, onde poderão ser contemplados pela população”.

Entidade da prefeitura, a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), responsável pela obra do VLT, relatou que segue “a proposta aprovada pelo Iphan”. De acordo com a Cdurp, a área selecionada “para desmonte e remontagem é o trecho mais antigo, que ainda mantém o desenho original e de maior representatividade histórica”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.