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Com baixo volume de chuva, rios do Espírito Santo se aproximam de nível crítico

A Agência Estadual de Recursos Hídricos publicou, nesta sexta-feira (23), uma resolução que determina "Estado de Atenção" no Espírito Santo

Com baixo volume de chuva, rios do Espírito Santo se aproximam de nível crítico Com baixo volume de chuva, rios do Espírito Santo se aproximam de nível crítico Com baixo volume de chuva, rios do Espírito Santo se aproximam de nível crítico Com baixo volume de chuva, rios do Espírito Santo se aproximam de nível crítico
Foto: Arquivo/Estadão Conteúdo

O período de seca no Espírito Santo tem deixado o volume dos rios abaixo da média. De acordo com o boletim da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), a vazão dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu estão se aproximando do nível crítico. 

Nesta sexta-feira (24), a agência publicou uma resolução no Diário Oficial do Estado que determina “Estado de Atenção” para a situação hídrica no Espírito Santo. A medida foi adotada devido ao risco de aumento do déficit hídrico em rios e demais cursos d’água que passam pelo território capixaba.

Segundo o diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, a queda nas vazões dos mananciais combinada com a possibilidade de baixo volume de chuvas nos próximos meses acende um alerta na sociedade, nas companhias de abastecimento e no poder público.

“Diferentemente das regiões banhadas pela bacia hidrográfica do rio Paraná, que sofrem com a falta d’água desde o primeiro semestre, o Espírito Santo ainda está conseguindo ofertar água em quantidade e qualidade para todos, mesmo em um dos meses mais críticos do período seco. No entanto, chegamos a um momento no qual os volumes dos rios seguem em queda, o que requer atenção e esforços de economia para evitarmos a escassez hídrica”, explicou.

Vazão dos rios Santa Maria e Jucu preocupa 

Os dados do boletim elaborado pela Agência Estadual de Recursos Hídricos mostram que a vazão dos rios Santa Maria da Vitória e Jucu estão diminuindo e se aproximando do nível crítico.

O nível de vazão do rio Santa Maria da Vitória, por exemplo, está em 7.525,74 litros por segundo. Os dados são do boletim do dia 22 de setembro. A agência considera como “crítico” a vazão inferior a 2.895,30 litros por segundo. Veja:

Foto: Divulgação/AGERH

No monitoramento dos últimos 30 dias, é possível observar a oscilação da vazão e uma queda a partir do início de setembro. 

Foto: Divulgação/AGERH

Já no rio Jucu, o nível de vazão está em 15.965,11 litros por segundo. É considerado nível crítico a vazão inferior a 6.260,04 litros por segundo. 

Foto: Divulgação/AGERH

Devido a uma falha na transmissão dos dados entre os dias 26 de agosto e 16 de setembro, não é possível observar o histórico completo da vazão do rio Jucu nos últimos 30 dias. No entanto, é possível observar que antes de 26 de agosto e após 16 de setembro, a vazão permaneceu baixa e próxima do nível crítico.  

Foto: Divulgação/AGERH

Estado de Atenção na situação hídrica do ES

A resolução publicada pela Agerh que determina “Estado de Atenção” para a situação hídrica no Espírito Santo recomenda uma série de medidas voltadas ao uso de água.

O diretor-presidente da Agerh, Fábio Ahnert, enfatizou a importância do comprometimento de toda a sociedade. 

“É muito importante que todos os capixabas se unam em prol de um uso mais consciente da água, para que continuemos atravessando esse período seco com tranquilidade e sem prejuízo, até o retorno das chuvas”, disse.

Companhias de saneamento

A Agerh recomenda que as empresas e organizações responsáveis pelo abastecimento urbano de água adotem medidas de incentivo à economia do consumo diário de água pela população, intervenções para redução do índice de perdas do sistema de distribuição e a agilidade no atendimento às solicitações de reparos de vazamentos em suas redes.

Prefeituras 

Às prefeituras dos 78 municípios do Espírito Santo são recomendadas ações que reduzam e responsabilizem atividades promotoras do desperdício de água, como lavagem de calçadas, fachadas, muros e veículos com o uso de mangueiras; a rega de gramados, jardins, vias públicas com água que não seja de reuso.

Indústrias

Medidas de reuso, reaproveitamento e reciclagem de água em suas unidades são algumas das recomendações da Agerh para a redução do consumo em empreendimentos industriais.

Agricultura

Aos usuários e empreendedores agrícolas, o “Estado de Atenção” demanda a adoção do período noturno para a irrigação de lavouras, a ampliação do uso racional e de captação de águas de chuva.

Órgãos Licenciadores

A Agerh recomenda aos órgãos responsáveis pelo licenciamento de atividades poluidoras, potencialmente poluidoras, degradadoras ou potencialmente degradadoras, que imponham aos empreendimentos a adoção de medidas para a ampliação do uso racional, do reuso e aproveitamento de águas residuais tratadas, da captação de águas de chuva e de ações de reflorestamento e conservação de água e solo. Recomenda ainda a desburocratização do licenciamento de atividades e intervenções emergenciais destinadas ao aumento da oferta hídrica.

Indústria vai propor alternativas para evitar crises hídricas

A Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) divulgou uma nota informando que implantou, no início de setembro, um grupo de trabalho técnico para debater o tema e avaliar ações de curto prazo e propor alternativas de médio e longo prazo que possam diminuir o impacto de novas possíveis crises.

A Findes ressalta que participa ativamente do Conselho Estadual de Recursos Hídricos e “segue contribuindo para reduzir a participação da indústria no consumo de água. Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o setor industrial representa 9,7% do consumo de água em nível nacional. No Espírito Santo, segundo o mesmo levantamento, a indústria responde por apenas 2,28% da água consumida.”

No Espírito Santo, muitos setores industriais já adotam ações de reúso da água,  destacou a federação por meio da nota. A Findes citou os investimentos realizados por Vale, Suzano e, mais recentemente, a inauguração de projeto da ArcelorMittal Tubarão para dessalinização de água do mar. 

A Findes completou que “este é o momento de unir esforços no enfrentamento do problema e está à disposição para prestar esclarecimentos, detalhar suas ações e apresentar soluções que beneficiem os capixabas e garantam o desenvolvimento do Espírito Santo.”

Foto: Thiago Soares/ Folha Vitória
Gabriel Barros

Produtor web

Gabriel Barros é jornalista formado pelo Centro Universitário Faesa e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua desde 2018 no jornalismo capixaba. Em 2020, passou a integrar a equipe do jornal online Folha Vitória, em coberturas sobre o cotidiano das cidades do Estado, política e cultura.

Gabriel Barros é jornalista formado pelo Centro Universitário Faesa e mestrando em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Atua desde 2018 no jornalismo capixaba. Em 2020, passou a integrar a equipe do jornal online Folha Vitória, em coberturas sobre o cotidiano das cidades do Estado, política e cultura.