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Com Copa do Povo vazia, MTST ainda faz cadastro

Com Copa do Povo vazia, MTST ainda faz cadastro Com Copa do Povo vazia, MTST ainda faz cadastro Com Copa do Povo vazia, MTST ainda faz cadastro Com Copa do Povo vazia, MTST ainda faz cadastro

São Paulo – A 24 horas do término do prazo para cumprir a determinação judicial que obriga a desocupação do terreno onde foi erguida a ocupação Copa do Povo, em Itaquera, na zona leste de São Paulo, as 3 mil famílias que mantêm barracos numerados e com nomes não estão mais no local “há pelo menos dois meses”, segundo relatos de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) que fazem a vigilância do espaço.

Nos últimos dois dias, porém, centenas de pessoas estão voltando ao local, muitas de bairros a mais de 40 km da ocupação. O objetivo é fazer um cadastro que poderá garantir no futura a casa própria.

Quem fizer o cadastro poderá ser indicado pelo MTST à Prefeitura para ser beneficiado com as moradias que serão construídas no terreno, segundo dizem os líderes às famílias. A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) garante que a fila de atendimento habitacional será respeitada e somente moradores da região leste poderão ser atendidos.

Mas, na lei sancionada por Haddad e aprovada pela Câmara Municipal em julho, viabilizando a construção de conjuntos do Programa Minha Casa Minha Vida no terreno, existe uma brecha que permite aos sem-teto a indicação de um cadastro ao governo de possíveis beneficiários. Mas a Prefeitura garante que os indicados de fora da fila da Cohab serão excluídos de qualquer programa.

Hoje a ocupação tem ares de cidade fantasma. Nenhum barraco tem morador dentro. Quase todos estão cercados por cordas e numerados, com o nome de uma família (algumas possuem até quatro barracos). Suely Tomaz, que antes chefiava a cozinha comunitária da ocupação, afirmou ao Estado que “muita gente montou barraco nos últimos dias”, para tentar fazer o cadastro do MTST de última hora.

Um posto de cadastro foi montado pelos líderes sem-teto na entrada da ocupação. As famílias fazem o cadastro, pegam o que ainda estava dentro do barraco e voltam para suas moradias. No dia 4 de julho, o MTST e seus coordenadores firmaram um acordo com o juiz Celso Maziteli Neto, da 3ª Vara Cível de Itaquera, para deixarem o terreno da construtora Viver em 45 dias. Mas, nessa altura, a grande maioria das famílias já havia deixado no local apenas barracos numerados e com os nomes na entrada.

Projeção

Localizada a 4 quilômetros do estádio do Corinthians, onde foi a abertura da Copa do Mundo, a ocupação ganhou projeção internacional no fim de maio. Em menos de 48 horas e às vésperas da abertura do Mundial, mais de 7 mil pessoas montaram barracos no terreno da Construtora Viver, localizado na Rua Malmequer do Campo, uma área quase rural no extremo leste. Para pressionar os governos municipal, estadual e federal a comprar o terreno e construir conjuntos habitacionais na área, o MTST fez uma série de protestos na cidade em junho e julho.

Com medo de manifestações durante a Copa na capital paulista, até a presidente Dilma Rousseff esteve com os líderes da ocupação e prometeu uma parceria com a Prefeitura para construir conjuntos do Minha Casa Minha Vida para as famílias que haviam ocupado o terreno. Depois o MTST levou 5 mil pessoas para um “acampamento” de uma semana na frente da Câmara Municipal, o que obrigou os vereadores a votarem um novo projeto de lei que viabilizasse a desapropriação da área particular.

A vitória foi festejada pelo MTST, que encerrou a jornada de manifestações antes do início da Copa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.