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Com hospitais perto do colapso, Europa analisa medidas ainda mais restritivas

Líderes nacionais e regionais se reunirão hoje para definir o alcance da próxima rodada de restrições

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Foto: Manuel de Almeida / EPA

Os governos europeus estão diante de uma encruzilhada. De um lado, enfrentam protestos populares contra o confinamento, como os que foram registrados no fim de semana na Alemanha, Holanda, Áustria, Bulgária, Suíça, Sérvia, Polônia, França e Reino Unido. Do outro, a necessidade de endurecer ainda mais as restrições de movimento para evitar o colapso dos hospitais.

Ontem, Alemanha e Bélgica confirmaram que a única saída para evitar um colapso em seus sistemas de saúde é adotar novas medidas de confinamento, que devem ser anunciadas em breve. O Instituto Robert Koch de Doenças Infecciosas, agência estatal alemã, relatou que os níveis de contaminação haviam ultrapassado uma marca-chave.

De acordo com o instituto, a média de 100 infecções por cada 100 mil habitantes nos últimos sete dias é o limite estabelecido pelas autoridades para que as UTIs sejam capazes de suportar uma onda de contágios. Ontem, a Alemanha chegou a 103,9 contaminações por 100 mil habitantes, prenunciando uma sobrecarga do sistema. O agravamento da crise aumentou a pressão pela adoção de uma nova quarentena.

Líderes nacionais e regionais se reunirão hoje para definir o alcance da próxima rodada de restrições. “Infelizmente, teremos de acionar essas travas de emergência”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel, que tem apoio de várias autoridades regionais.

Na França, a situação é crítica em algumas regiões, especialmente no norte do país. Há duas semanas, pacientes de Lille, Dunquerque e Furnes começaram a ser transferidos para hospitais belgas, que agora também dão sinais de saturação.

Na Bélgica, onde a média diária de casos cresceu 36% na última semana, o ministro da Saúde, Frank Vandenbroucke, disse ontem que novas medidas de confinamento são inevitáveis, já que as restrições atuais, em vigor desde novembro, não foram capazes de conter a pandemia.

“Estabelecemos um plano de abrir completamente as escolas após a Páscoa e os restaurantes a partir de 1º de maio”, afirmou o ministro. “Com o aumento de casos, existe o risco de não atingirmos esses objetivos. Para garanti-los, medidas adicionais são necessárias.”

O primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse que o governo já esperava um aumento do número de casos em março, mas que o crescimento que vem sendo registrado está muito além do projetado. “Está claro que teremos semanas decisivas pela frente”, disse o premiê. “Por mais que a gente queira, o coronavírus não foi embora.” Segundo o governo, no ritmo atual, o sistema de saúde da Bélgica começará a entrar em colapso a partir de 10 de abril.

As UTIs estão lotadas também na Romênia, após a aceleração do contágio registrada na semana passada. O primeiro-ministro romeno, Florin Ciu, no entanto, rejeitou ontem a ideia de lockdown nacional. “Muitas pessoas estão me perguntando se vamos acabar presos dentro de casa novamente. Minha resposta é muito clara: não”, disse.

Em parte, a hesitação do governo romeno se explica pela onda de protestos contra o confinamento registrada no fim de semana. No sábado, pelo menos 36 pessoas foram presas e vários policiais ficaram feridos em Londres durante uma manifestação.

Em Kassel, na Alemanha, houve confrontos entre manifestantes e policiais, que usaram spray de pimenta, cassetetes e canhões d’água para dispersar a multidão.

Os franceses também saíram às ruas contra o terceiro confinamento em menos de um ano para 21 milhões de pessoas – quase um terço da população do país. Ontem, milhares de pessoas se reuniram para um carnaval não autorizado em Marselha, uma aglomeração gigantesca de foliões que a polícia qualificou de “irresponsáveis”. “Os jovens estão cansados do confinamento”, disse Romain, de 26 anos, que vestia uma camiseta do craque Zinédine Zidane, mas que não quis revelar seu sobrenome.

A festa em Marselha revela o caráter cada vez mais impopular das restrições adotadas pelo governo do presidente, Emmanuel Macron, fez com que as autoridades evitassem usar o termo “lockdown” para se referir às novas medidas, anunciadas na quinta-feira. O pacote de Macron, porém, acabou sendo mais brando do que os dois confinamentos anteriores, de março e novembro.

De acordo com as novas regras, o comércio não essencial fechou as portas. Lojas de roupas, decoração e salões de beleza também tiveram de suspenderam suas atividades. Mas estabelecimentos que vendem comida, livros, flores e chocolate puderam permanecer abertos – o que foi bastante questionado por especialistas. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.