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O que é crédito de carbono?

Os créditos de carbono foram criados para favorecer os países que reduzem o lançamento de CO2 no mundo

Foto: Divulgação / Adobe Stock

O ano de 2021 apresentou recorde de emissão de dióxido de carbono na atmosfera, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). O crescimento foi de 6%, o que representa um acúmulo total de 36,3 bilhões de toneladas de CO2 nos ares.

O cenário no Brasil não é diferente: somos o sexto maior emissor global de gases no planeta. Este panorama, contudo, é de fácil compreensão, já que entre 1850 e 2020, mais de 85% das liberações de dióxido de carbono vieram do desmatamento.

As consequências dessa situação são graves, tanto para os brasileiros, quanto para a biodiversidade. Aumento de chuvas, efeito estufa e acréscimo da temperatura, chuvas ácidas, modificação da composição da água do mar, entre outros, são alguns desses resultados extremamente negativos.

A emissão de gases e suas sequelas acontecem há séculos. Com o objetivo de amenizar essa situação, foram criados os créditos de carbono, um mecanismo que incentiva e favorece os países que reduzem o lançamento de CO2 no mundo.

Como funciona:

O conceito de créditos de carbono foi criado a partir do Protocolo de Kyoto, há 25 anos. Eles organizam um meio de estimular nações que se responsabilizam e se comprometem com o meio ambiente e a vida no planeta – e, por isso, têm o propósito de reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera.

Eles são uma espécie de moeda de troca no mercado de carbono. A cada uma tonelada de CO2 não emitida, o país ganha um crédito de carbono. Quanto mais se reduz o lançamento de poluentes, mais créditos se ganha.

Dessa forma, os créditos de carbono podem ser comercializados, ou seja, vendidos, para os países que não alcançaram suas metas. Assim, as nações envolvidas cooperam entre si com as mesmas intenções.

O comércio de créditos de carbono é guiado pelo Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), mas cada país tem sua legislação a respeito do mesmo. O Brasil, por exemplo, é regulamentado pelo Decreto nº 5.882 de 2006.

Comércio de créditos de carbono

Há três maneiras de comercializar os créditos de carbono, orientados pelo protocolo de Kyoto: unilateral, bilateral e multilateral.

No modo unilateral, o país em desenvolvimento que possui os créditos é quem define os valores pelos quais pretende vendê-los.

No bilateralismo, o país desenvolvido, em cooperação com um país em desenvolvimento, opera um projeto. Quem decide os valores é o país industrializado que implementou o planejamento no segundo.

Para o modo multilateral, são aplicados preços do mercado dos fundos de investimento. Eles correspondem a projetos financiados por fundos internacionais.

Mercado de bilhões

O potencial de geração de receitas com créditos de carbono para o nosso país, até 2030, é de aproximadamente US$493 milhões e US$ 100 bilhões, de acordo com a ICC Brasil.

Isso significa a possibilidade de 1 bilhão de toneladas de CO2 não emitidas e, por isso, vendidas.

É preciso, contudo, um comprometimento de grandes empresas e indústrias e do poder público, como uma grande oportunidade de geração de renda, crescimento, sustentabilidade, saúde e bem-estar.

Os créditos de carbono têm um potencial de alavancar a economia, fortalecer as intenções com o planeta e acelerar o nosso crescimento sustentável.

Entenda o que é a emissão de dióxido de carbono

Várias atividades podem emitir o prejudicial CO2 na atmosfera. Os principais causadores são o uso de combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural.

Em 2020, a emissão de dióxido de carbono havia sido reduzida – mas, de acordo com a AIE, essa queda foi consequência da paralisação de atividades por conta da pandemia do coronavírus.

Em 2021, esse número voltou a crescer, com a recuperação da economia. A queima do carvão foi, no planeta, a responsável por 40% do crescimento das liberações de gases poluentes em 2021. A China é a principal responsável pelos poluentes, com cerca de 33%.

Alguns países da Europa e os Estados Unidos, seguem firmes reduzindo suas emissões de CO2, desde 2019. Contudo, a China foi responsável por 33% das emissões globais em 2021. Desde 2019, é estimado que o país tenha liberado cerca de 750 milhões de CO2 na atmosfera.