Geral

Defensoria Pública aciona Justiça para que policiais tenham câmeras nos uniformes no ES

A ideia é tentar reduzir o índice de letalidade registrado nas operações policiais. No último fim de semana, Welinton da Silva Dias morreu durante uma abordagem na Grande São Pedro, em Vitória

Defensoria Pública aciona Justiça para que policiais tenham câmeras nos uniformes no ES Defensoria Pública aciona Justiça para que policiais tenham câmeras nos uniformes no ES Defensoria Pública aciona Justiça para que policiais tenham câmeras nos uniformes no ES Defensoria Pública aciona Justiça para que policiais tenham câmeras nos uniformes no ES
Foto: Polícia Militar de Santa Catarina

A Defensoria Pública do Espírito Santo (DPES) entrou com uma ação na Justiça para que o governo do Estado instale equipamentos de rastreamento, áudio e vídeo nas viaturas e uniformes dos policiais militares e civis. A ideia é tentar reduzir o índice de letalidade registrado nas operações policiais.

Na ação civil pública, que tramita na Vara da Fazenda Pública Estadual, a Defensoria Pública pede que o Estado apresente, em um prazo de 60 dias, um plano de trabalho com as providências adotadas para a redução do índice de violência policial no Espírito Santo. 

O plano deve contemplar, entre outros, que as viaturas das Polícia Civil e Militar tenham equipamentos de rastreamento por GPS, de escuta e gravação, e que os uniformes dos agentes possuam câmera com áudio e vídeo.

“O índice de letalidade, de agressão, a própria atividade policial fica facilitada quando a pessoa abordada também identifica esse tipo de equipamento. Então é uma garantia tanto para o policial quanto para o cidadão”, destacou o coordenador penal da Defensoria Pública do Espírito Santo, Valdir Vieira.

No Brasil, os Estados de Santa Catarina, Rondônia e São Paulo começaram a utilizar câmeras nos uniformes dos policiais em caráter experimental. Em São Paulo, dos 81 mil policiais militares, 5,6 mil possuem o equipamento na farda. 

Foto: Governo de São Paulo
Policiais militares de São Paulo e de outros estados brasileiros já usam o equipamento na farda

O advogado criminalista Marcos Daniel defende a medida. “Nós tivemos uma experiência muito exitosa em São Paulo com a instalação das câmeras nos uniformes dos policiais. Inclusive, após essa medida, reduziu em torno de 86% a letalidade das ações policiais”, frisou.

Sesp diz que estuda adotar equipamentos, mas aguarda regulamentação do Ministério da Justiça

A equipe de jornalismo da Rede Vitória entrou em contato com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), que informou, por meio de nota, que o governo estadual enviou uma equipe para conhecer de perto como funciona o modelo adotado em São Paulo.

A Sesp informou ainda que existe a possibilidade desse modelo ser implantado no Espírito Santo, tanto para a Polícia Militar quanto para a Civil. No entanto, isso só vai acontecer depois que o Ministério da Justiça regulamentar o sistema de monitoramento no país. 

Foto: Reprodução TV Vitória
Sesp diz que estuda utilizar os equipamentos, mas que ainda depende de regulamentação

Por enquanto, o processo está em fase de discussão no Conselho Nacional de Segurança Pública. O conselho apresentou uma proposta ao Ministério da Justiça para padronizar o sistema operacional e definir as questões jurídicas que implicam no uso dos equipamentos.

O ex-secretário de Segurança Pública do Estado, o coronel da reserva Nylton Rodrigues, acredita que não há necessidade de esperar por uma definição do Ministério da Justiça para implantar o sistema nos estados brasileiros.

“Desnecessário esperar qualquer posicionamento do Ministério da Justiça. O que é necessário é buscar, cada vez mais, melhores condições de trabalho para o policial. E uma câmera à disposição do policial lhe trará benefício”, destacou.

Rapaz foi morto em ação policial na Grande São Pedro

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal
Welinton morreu durante uma abordagem da Polícia Militar na Grande São Pedro, em Vitória 

A ação da Defensoria Pública Estadual foi protocolada após a polêmica envolvendo a morte, no último sábado (02), de Welinton da Silva Dias, de 24 anos, durante uma ação policial no bairro São José, na região da Grande São Pedro, em Vitória. O rapaz levou dois tiros no peito, foi socorrido, mas não resistiu.

Imagens de uma câmera de segurança mostram que a vítima já havia se rendido quando o cabo da PM Sandro Frigini fez os disparos. O policial justificou a ação, em um boletim de ocorrência, dizendo que Welinton estava armado. 

Segundo consta no boletim, a arma, uma submetralhadora de fabricação caseira, estava numa bandoleira, uma espécie de cinto que prende a arma junto ao corpo. No entanto, o ângulo do vídeo não permite ter clareza sobre a cena.

O caso está sendo apurado por meio de um inquérito policial militar. A Polícia Militar decidiu afastar preventivamente das atividades operacionais os dois policiais que participaram da ação que resultou na morte do rapaz.

LEIA TAMBÉM:
>> Ações policiais já resultaram em 74 mortes no ES em dois anos
>> Defensoria Pública do ES pede explicações à PM sobre morte de jovem na Grande São Pedro
>> “Policial sabe quando está ameaçado”, diz comandante sobre jovem morto por PM em Vitória

Com informações do repórter Alex Pandini, da TV Vitória/Record TV